🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

ONU não desmentiu parecer do Comitê de Direitos Humanos sobre julgamento de Lula

Por Marco Faustino

9 de maio de 2022, 17h09

A ONU (Organização das Nações Unidas) não desmentiu o parecer do seu Comitê de Direitos Humanos que disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve direitos violados nos julgamentos da Lava Jato, como alegam postagens nas redes sociais (veja aqui). O texto e o parecer estão no site oficial das Nações Unidas e foram também divulgados no perfil oficial da entidade no Twitter. As condenações do petista foram anuladas após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 2021.

Publicações que difundem o conteúdo enganoso acumulavam ao menos 1.500 compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (9)


Selo falso

A ONU DESMENTIU A DIVULGAÇÃO DE FAKE NEWS ONDE UM ‘COMITÊ INOCENTOU’ O EX-PRESIDENTE LULA

Postagem com alegação falsa de que ONU desmentiu parecer do Comitê de Direitos Humanos

Postagens nas redes sociais enganam ao dizer que a ONU (Organização das Nações Unidas) desmentiu o parecer do seu Comitê de Direitos Humanos, órgão auxiliar formado por especialistas independentes, sobre o julgamento do ex-presidente Lula (PT). As conclusões do órgão foram divulgadas em abril no site da ONU e no perfil no Twitter do escritório da organização em Genebra, Suíça. Não há qualquer desmentido sobre a notícia no site oficial da ONU, na página de sua representação no Brasil ou em suas redes sociais, como Instagram, Twitter e Facebook.

O órgão analisou uma queixa apresentada pela defesa do petista em 2016 e concluiu que os procuradores da operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro violaram os direitos do ex-presidente à privacidade e a de ser julgado por um tribunal imparcial. Segundo o comitê, escutas telefônicas de Lula e sua família foram aprovadas e divulgadas à mídia antes que as acusações formais fossem feitas. Esse e outros incidentes “constituíram uma violação do direito do autor [Lula] de ser presumido inocente'', segundo um trecho do documento.

O Comitê de Direitos Humanos foi criado a partir da Convenção para Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas de 1966, e monitora a implementação da convenção entre todos os países que são signatários do documento, incluindo o Brasil. Ele é diferente do Conselho de Direitos Humanos, que é uma instância da própria organização. O comitê também analisa queixas de cidadãos de países signatários.

Ações penais. O comitê não fez uma análise penal do caso, o que é função da Justiça brasileira. O STF declarou, em junho de 2021, o ex-juiz Sergio Moro suspeito na condução dos casos envolvendo o petista. Meses antes, as decisões que condenaram Lula à prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro foram anuladas pelo plenário da corte.

Do total de 25 processos ou investigações que tramitavam contra o ex-presidente, 18 foram encerrados ou arquivados, quatro foram anulados e dois foram rejeitados. Uma ação que trata da compra de caças suecos Gripen, em que Lula foi acusado por suposto tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, foi suspensa em março pelo ministro Ricardo Lewandowski, após um pedido da defesa. O processo ficará parado até o julgamento definitivo do mérito pela corte, o que ainda não tem data para ocorrer.

Referências:

1. ONU (Fontes 1 e 2)
2. Twitter
3. ONU Brasil
4. Instagram
5. Facebook
6. Conjur
7. OHCHR (Fontes 1 e 2)
8. BBC
9. Congresso em Foco
10. Poder 360
11. Gazeta do Povo


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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