🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Mulher invadiu palco de Lula para reivindicar direitos de quilombo, não para criticar suposto corte do Bolsa Família

Por Luiz Fernando Menezes

15 de maio de 2023, 15h02

Não é verdade que a mulher que invadiu o palco em Salvador no dia 11 de maio, durante o lançamento da Lei Paulo Gustavo, chorou e se ajoelhou diante de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) porque o governo federal cortou o Auxílio Brasil — que voltou a se chamar Bolsa Família. Ela interrompeu o presidente para entregar um documento para pedir socorro à sua comunidade, o Quilombo do Rio dos Macacos (BA), que sofre com as consequências de uma disputa de terra desde a década de 1960. Além disso, o governo alega que cortou apenas os cadastros irregulares do Bolsa Família.

O vídeo com o falso contexto tem circulado principalmente no Instagram, onde acumula cerca de 20 mil curtidas, e também no Kwai, onde já foi visualizado milhares de vezes.


Selo falso

Na Bahia, após o governo bloquear o Auxílio Brasil pro povo, mulher chora e se ajoelha diante de Lula. ‘NOSSO POVO TÁ MORRENDO’.

Legenda enganosa sugere que mulher teria chorado e ajoelhado diante de Lula porque governo cortou Bolsa Família da população

A mulher que invadiu o palco e interrompeu o discurso do presidente Lula em Salvador (BA), durante o lançamento da Lei Paulo Gustavo, na última quinta-feira (11), não disse que seu povo estava morrendo porque o governo cortou o Auxílio Brasil, nome antigo do Bolsa Família. As peças são enganosas porque:

  • A mulher, na verdade, era uma representante de um quilombo e queria entregar um documento sobre a situação de sua comunidade;
  • Além disso, o governo realizou cortes apenas nos cadastros irregulares do Bolsa Família.

Conforme noticiado pelo UOL, a mulher que subiu ao palco se chama Rose Meire dos Santos Silva e representava o Quilombo Rio dos Macacos. Ela entregou um documento no qual a comunidade diz que está sendo torturada pela Marinha e sofre com a falta de saneamento básico, moradia, educação, iluminação e água potável. Em nenhum momento do texto, há a citação do Bolsa Família ou a menção a seu suposto bloqueio.

O Quilombo Rio dos Macacos fica localizado entre Simões Filho e Salvador. Desde 1960, a região é palco de uma disputa entre a comunidade e a Marinha, que reivindica a desocupação do território para expandir a vila residencial militar.

Bolsa Família

No dia 12 de abril, o Ministério do Desenvolvimento Social anunciou que iria bloquear o Bolsa Família de 1,2 milhão de beneficiários cadastrados como famílias unipessoais no CadÚnico. A medida foi feita para tentar verificar registros irregulares, ou seja, pessoas que moram com a família, mas se cadastraram como se morassem sozinhas para receber mais dinheiro. A pasta deu um prazo de 60 dias para que as pessoas que tiveram seu benefício cortado provem que de fato moram sozinhas.

Esse bloqueio faz parte de uma tentativa de requalificar o CadÚnico. Em março, outras 1,5 milhão de famílias foram retiradas do Bolsa Família porque possuíam uma renda acima do limite legal, de R$ 218 mensais por pessoa. De acordo com o ministro Wellington Dias, a estimativa é a de que ao menos 4 milhões de beneficiários do Bolsa Família não se encaixam nos critérios estabelecidos em lei.

Os cortes, no entanto, têm gerado uma onda de reclamações e desinformações nas redes. Vídeos de pessoas denunciando que seus benefícios foram bloqueados, por exemplo, têm sido usados por bolsonaristas como fonte de ironia, junto de mensagens como “Faz o L agora” ou “Eu avisei”. Já outras publicações sugerem que o governo estaria realizando cortes sem critérios.

Referências:

1. Governo da Bahia
2. UOL
3. Instagram (@quilomboriodosmacacos)
4. Mapa de Conflitos
5. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (1, 2 e 3)

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