🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Maioria das mídias compartilhadas no WhatsApp no 2º turno contém ataques ou desinformação

Por Bianca Bortolon, Ethel Rudnitzki e João Barbosa

28 de outubro de 2022, 15h27

Vídeos, imagens, áudios e até figurinhas compartilhados em grupos de WhatsApp têm servido como munição frequente ao desinformar e atacar adversários no segundo turno. Cerca de 60% dos anexos de mídias em mensagens do aplicativo continham ataques ou desinformação, indica levantamento do Radar Aos Fatos em 287 grupos públicos de política.

  • Foram analisadas as 300 mídias mais populares no universo pesquisado, com um total de 21.322 encaminhamentos;
  • A amostra corresponde a todas as mídias que tiveram mais que 39 encaminhamentos entre os dias 3 e 26 de outubro;
  • Desses, 184 conteúdos (61%) foram encaminhados 12.805 vezes e continham ataques ou alegações enganosas;
  • A grande maioria (111) veio em forma de vídeos, seguida por áudios (37), imagens (19) e stickers (17).

Alegações enganosas de fraude eleitoral estão entre as principais mentiras disseminadas por mídias de WhatsApp, presente sem 39 anexos encaminhados 3.242 vezes.

O áudio mais compartilhado no 2º turno, por exemplo, dizia que o PT havia tentado manipular os resultados do primeiro turno das eleições através de um algoritmo nas urnas eletrônicas que transferia votos de Jair Bolsonaro (PL) para Lula (PT) conforme a contagem de votos avançava e que isso havia sido identificado por hackers russos e barrado pelo Exército Brasileiro.

Outras 39 mídias, compartilhadas 2.730 vezes, faziam falsas associações entre Lula e o PT e criminosos ou o crime organizado, narrativa que marcou a disputa pelo primeiro turno e continuou ativa no segundo turno. Um dos exemplos mais virais foi a narrativa enganosa sobre a sigla CPX (complexo), vista no boné usado pelo ex-presidente no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Lula e PT também foram alvo de ataques e mentiras de mais 23 mídias, compartilhadas 1.587 vezes, que mentiam sobre a inocência do candidato, exageravam ou tiravam de contexto denúncias de corrupção, ou simplesmente o xingavam de “bandido”, “ladrão”, entre outros.

A quarta temática mais presente nas mídias foram ataques ao Judiciário, notadamente ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) e seus magistrados, em forma de vídeo, imagem e até figurinha.

Audiovisual. Vídeos foram o tipo de mídia mais compartilhado durante o segundo turno com alta concentração de desinformação e ataques — presentes em três a cada quatro gravações.

A gravação mais compartilhada do WhatsApp no segundo turno foi uma peça oficial da campanha de Bolsonaro que mentia sobre a inocência de Lula e sobre a posição do PT relativa ao Auxílio Brasil. Ao ser exibida na TV, a propaganda foi interrompida por infração eleitoral. Nos grupos, contudo, ela circulou na íntegra.

Além de propagandas eleitorais, 26% dos vídeos com desinformação que circularam no WhatsApp eram de aplicativos de vídeos curtos, como Kwai e TikTok. Entre eles estava gravação que usava a ausência de comemoração sobre a vantagem de Lula na Bahia como prova de que votos no Nordeste haviam sido fraudados. O vídeo foi excluído do aplicativo por violação das regras, após denúncia do Radar Aos Fatos, mas continua disponível como mídia nos grupos de WhatsApp.

Voz. Apesar de serem menos presentes, áudios compartilhados no WhatsApp tiveram ainda maior concentração de desinformação e ataques (80%). Além de mentiras sobre fraude, associação do PT com crime e ataques a Lula, algumas (13%) dessas gravações ainda disseminavam assédio eleitoral nos grupos de política, conforme mostrou o Aos Fatos.

Imagens. Em forma de fotos ou prints, 70% das imagens mais populares em grupos de política no WhatsApp disseminavam mentiras ou ataques. Mais da metade delas relacionava o Lula ao crime organizado, com montagens para fazer crer que ele foi fotografado ao lado de traficantes, por exemplo.

Figurinhas. Nem mesmo as figurinhas, arquivos de mídia menores usados para reagir a mensagens, ficaram de fora. Cerca de 20% dos mais compartilhados espalhavam ataques contra Lula e PT ou desinformação sobre as eleições. O mais popular, com 191 compartilhamentos, dizia em letras garrafais: “Votar no PT é apoiar o crime.”

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.