Não é verdade que um vídeo mostra militares venezuelanos se movimentando em território brasileiro para tentar invadir a Guiana. A gravação que tem circulado nas redes foi registrada na Colômbia durante um confronto recente no sul do país entre as organizações paramilitares ELN (Exército da Libertação Nacional), Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e Clan del Golfo.
O vídeo descontextualizado acumulava centenas de compartilhamentos no Facebook e no Twitter até a tarde desta quinta-feira (30). As peças de desinformação circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Nicolas Maduro deu ordem para entrar na Guiana usando rota que passa pelo Brasil.
Publicações enganam ao compartilhar um vídeo de uma troca de tiros ocorrida numa floresta como se fosse um registro de militares venezuelanos atravessando o território brasileiro para invadir a Guiana. Por meio de busca reversa, Aos Fatos identificou que a filmagem original mostra, na verdade, um confronto ocorrido recentemente na Colômbia.
De acordo com veículos de imprensa colombianos como o El Tiempo e o El Frente, o vídeo, publicado em 27 de novembro, mostra um conflito ocorrido no distrito de Bolívar entre o ELN, dissidentes das Farc e o Clan del Golfo, organização paramilitar envolvida com o narcotráfico.
Intensos combates se desarrollan en zona rural de los municipios de Santa Rosa del Sur y Morales sur de Bolívar.
— Denuncias Antioquia (@DenunciasAntio2) November 27, 2023
Fuerzas combinadas del ELN y disidencias de las farc, contra el Clan del Golfo La población civil está en medio del fuego cruzado.
Otros habitantes se han desplazado a… pic.twitter.com/Y5j0Hra5Ix
A troca de tiros fez com que mais de 1.400 pessoas fossem obrigadas a deixar suas casas na região que engloba as cidades de Santa Rosa del Sur, Arenal, Morales e Montecristo.
Invasão. É fato, no entanto, que Nicolás Maduro tem ameaçado iniciar um conflito para tomar uma parte da Guiana — conhecida como Essequibo — que já integrou o território da Venezuela. O ditador venezuelano convocou um referendo popular para decidir se o país deve tentar anexar cerca de 74% da área vizinha. A votação está prevista para o dia 3 de dezembro.
Ameaça. Maduro quer anexar o território de Essequibo, que representa mais de 70% da área do país vizinho (Wikicommons)
O conflito já impacta a diplomacia brasileira. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 19 de novembro para pedir que o petista ajude a dissuadir Maduro da ideia de invasão.