🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Papa Francisco não defendeu sacrificar alcoólatras e autistas para evitar mudanças climáticas

Por Marco Faustino

3 de agosto de 2023, 12h16

É falso que o Papa Francisco tenha dito que alcoólatras, autistas e pessoas com deficiência devem ser sacrificados para lutar contra as mudanças climáticas, em apoio a uma campanha do Fórum Econômico Mundial, como alegam posts nas redes. Não há registros públicos de que o pontífice tenha defendido o sacrifício de pessoas nem que a entidade tenha promovido uma campanha com esse teor.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 1.100 compartilhamentos no Facebook, 1.600 curtidas no Instagram, 27 mil visualizações no Kwai e 82 mil visualizações no Tik Tok nesta quinta-feira (3). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).


Selo falso

Papa Francisco diz que alcoólatras, autistas e pessoas com deficiência devem ser sacrificados para 'lutar contra as mudanças climáticas'

Texto enganoso contido em print diz que Papa Francisco defendeu sacrificar alcoólatras, autistas, e pessoas com deficiência para para evitar mudanças climáticas

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o Papa Francisco disse que os alcoólatras, autistas e pessoas com deficiência devem ser sacrificados para lutar contra as mudanças climáticas, em apoio a uma campanha do Fórum Econômico Mundial com essa premissa. O Aos Fatos não encontrou qualquer declaração do pontífice nem posicionamento ou documento da entidade que seja favorável a sacrificar pessoas em prol do clima no planeta.

O pontífice se posicionou em diversas ocasiões contra a eutanásia — conduta ilícita no Brasil, mas permitida em países como a Bélgica, que consiste em abreviar a vida de um paciente terminal — em 2015, 2019, 2022 e neste ano. Em maio, o Vaticano declarou ser contrário a eutanásia e o suicídio medicamente assistido, classificando-os como “a arrogação humana ilegítima de uma autoridade divina exclusiva para determinar a hora da morte de uma pessoa”.

Também em maio, o Papa Francisco disse que estava triste após o presidente de Portugal ter sancionado uma lei que legalizou a eutanásia no país. “Hoje estou muito triste, porque no país onde apareceu Nossa Senhora foi promulgada uma lei para matar”, disse o religioso. O Papa voltou a repetir esse mesmo posicionamento em viagem recente a Lisboa.

No site do Fórum Econômico Mundial não há qualquer campanha da entidade em prol do sacrifício de pessoas. Há somente duas mensagens do pontífice, em 2014 e 2018, direcionadas à entidade, e que não fazem qualquer menção à morte voluntária ou impositiva de pessoas.

Origem. As peças checadas difundem um trecho de uma notícia publicada pelo Tribuna Nacional, que é uma versão traduzida de um texto publicado em inglês pelo The People’s Voice — página conhecida por publicar conteúdo falso, segundo o site de checagem Lead Stories, que também desmentiu o boato. A Tribuna Nacional e o The People’s Voice não apontaram quando e onde o Papa Francisco teria se posicionado favorável ao sacrifício de pessoas.

O Aos Fatos entrou em contato com o Tribuna Nacional, que disse apenas ter reproduzido o conteúdo do The People’s Voice, e alegou que a página estrangeira afirmou o conteúdo exposto. Não foi fornecida, no entanto, qualquer prova sobre a veracidade da declaração.

Referências:

1. Vaticano (1, 2 e 3)
2. Reuters
3. Público
4. CNN Brasil
5. DN
6. Fórum Econômico Mundial (1, 2 e 3)
7. Lead Stories

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