Não é verdade que o New York Times publicou uma charge racista na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é representado como um macaco que afirma que há um Holocausto em Gaza. O jornal americano nunca veiculou imagem semelhante à compartilhada pelas peças de desinformação. Produzida com o uso de inteligência artificial, a charge foi publicada originalmente por um usuário no Instagram.
Peças com a alegação enganosa acumulavam milhares de compartilhamentos no X (ex-Twitter) e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (20).
O pária [Lula] foi comparado a um macaco pelo The New York Times!!!
São mentirosas as publicações que afirmam que uma charge racista, que retrata Lula como um macaco, foi publicada pelo New York Times ilustrando reportagem sobre a fala do presidente sobre a atuação do governo israelense na Faixa de Gaza. A imagem que vem sendo compartilhada nas redes foi produzida por meio de inteligência artificial e não consta em nenhum texto publicado pelo jornal americano.
Por meio de busca reversa, Aos Fatos identificou que a charge foi postada originalmente no Instagram pelo usuário da conta @j.majburd, que se diz “defensor de Israel na luta contra o Islã radical e o antissemitismo”. O usuário, que já publicou outras imagens geradas artificialmente, intitulou o desenho de Lula “o discurso do macaco”.
A charge cita uma reportagem real publicada pelo New York Times no último domingo (18). Em nenhum momento, no entanto, há qualquer arte semelhante ou sequer críticas à fala de Lula. O texto apenas mostra a repercussão da declaração do presidente e diz que autoridades israelenses, como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ficaram irritadas com as afirmações.
Em entrevista à imprensa na Etiópia no domingo, Lula criticou a atuação das forças israelenses na Faixa de Gaza e afirmou que o que está acontecendo “com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus”. A fala causou um incidente diplomático com Israel, que convocou o embaixador brasileiro e classificou Lula como persona non grata no país. No Brasil, a declaração também acirrou a polarização política.