🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Posts distorcem dados sobre criação de vagas para sugerir que desemprego teria ‘disparado’ com Lula

Por Luiz Fernando Menezes

18 de julho de 2023, 14h33

São enganosas as publicações que afirmam que o desemprego teria aumentado durante o governo Lula (PT) e, para provar isso, mostram uma comparação entre o número de vagas formais criadas em maio de 2022 e maio de 2023. As peças, no entanto, omitem que a taxa de desocupação não necessariamente acompanha a criação de empregos: apesar de mais empregos terem sido criados entre janeiro de maio de 2022, o desemprego era maior no ano passado, conforme indicam os números do IBGE.

As peças de desinformação acumulam ao menos 1.500 compartilhamentos até a tarde desta terça-feira (18) e também circulam no Kwai.


Selo falso

Desemprego dispara com o Lula.

Print de vídeo em que homem mostra número de empregos criados até maio de 2022 e maio de 2023 e afirma que isso mostra que desemprego disparou

Publicações nas redes enganam ao comparar a taxa de criação de empregos em 2022 e 2023 e concluir que o desemprego estaria “disparando” com o governo Lula (PT). As peças fazem duas confusões:

  • Um número maior de empregos não necessariamente reflete em um menor desemprego: menos pessoas podem ter ficado desempregadas nos meses anteriores;
  • A comparação deve ser feita por meio da taxa de desocupação, divulgada mensalmente pelo IBGE.
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De fato, o saldo de empregos criados em 2022 até o mês de maio foi maior do que o saldo de vagas abertas no mesmo período em 2023. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o país registrou um crescimento de 277 mil postos de trabalho em maio do ano passado, o que resultou em um acumulado de 1,05 milhão de empregos até aquele momento. Em maio deste ano, por outro lado, o saldo foi de 155 mil empregos. Desde o início de 2023, o país registrou um acumulado de 865 mil empregos.

O que a peça de desinformação omite, no entanto, é que a taxa de desocupação do ano passado era maior do que a deste ano (veja gráfico abaixo). Segundo o IBGE, o desemprego no país ficou em 8,3% do trimestre encerrado em maio de 2023, a menor taxa para esse período desde 2015. Isso significa que 8,9 milhões de pessoas estão desocupadas.

Já em 2022, a taxa de desocupação no trimestre de março a maio de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), foi de 9,8%. O IBGE estimava que haviam 10,6 milhões de brasileiros desocupados naquele momento. Por isso, mesmo que o saldo de empregos registrados tenha sido maior, havia mais pessoas desempregadas e a taxa, portanto, era mais alta.

Além disso, vale ressaltar que o Caged só leva em consideração vagas formais de emprego, enquanto o IBGE consegue também medir os níveis de emprego informal no país.

Sazonalidade. No gráfico acima, é possível ver que nos trimestres móveis de novembro-dezembro-janeiro de 2023 a janeiro-fevereiro-março de 2023 a taxa de desemprego subiu, mas esse é um movimento comum do período.

Conforme explica o IBGE, a taxa de desocupação possui uma sazonalidade, que são “flutuações intra-anuais no número de empregados que se repetem regularmente durante os anos”. No final do ano, é comum um aumento no número de ocupados por causa dos trabalhos temporários no comércio e na indústria. Esse aumento, no entanto, sempre é seguido por uma queda na ocupação no início do ano seguinte, por causa do fechamento dessas vagas de fim de ano.

Por isso, a maneira mais correta de se comparar taxas de desocupação entre anos e governos é por meio do mesmo período.

Referências:

1. Ministério do Trabalho e Emprego (1, 2)
2. IBGE (1, 2, 3)

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