Não é verdade que a PF (Polícia Federal) descobriu que o advogado de Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, depositou R$ 50 mil na conta de Adélio Bispo de Oliveira, responsável pelo atentado a faca que vitimou o ex-presidente durante a campanha eleitoral de 2018. Além de não haver qualquer registro de novas apurações sobre o tema, a movimentação bancária de Bispo já foi investigada em 2020, quando foi constatado que não houve pagamentos que indicassem financiamento do crime.
O vídeo desinformativo acumulava mais de 160 mil visualizações no TikTok e 12 mil compartilhamentos no Facebook até o início da tarde desta segunda-feira (6). A publicação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar a viralização dos conteúdos (fale com a Fátima).
A PF deflagrou a segunda e provavelmente a última operação sobre a investigação da facada falsa que o Satanás levou e segundo informações em alguns blogs aí, descobriu que o advogado de Bolsonaro, que todo mundo sabe quem que é, fez um depósito de R$ 50 mil na conta do Adélio Bispo.
Em vídeo que circula nas redes, um homem não identificado mente ao afirmar que a PF teria descoberto que o advogado Frederick Wassef depositou R$ 50 mil na conta de Adélio Bispo antes do ataque a faca que vitimou Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) em 2018. Em nota, a corporação afirmou que só divulga informações sobre novas investigações em seu site oficial. Aos Fatos não encontrou no portal qualquer notícia sobre a suposta ação citada pelas peças de desinformação.
Vale ressaltar que as movimentações bancárias de Bispo já foram investigadas em inquérito encerrado em maio de 2020, que concluiu que o agressor agiu sozinho e sem financiamento de terceiros. Conclusão semelhante foi apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) ao pedir o arquivamento da investigação. “A movimentação financeira de Adélio Bispo de Oliveira não contém indício de recebimento de valores em função do crime cometido”, afirmou o órgão à época.
Diagnosticado com “transtorno delirante persistente”, Adélio Bispo foi considerado inimputável pela Justiça em maio de 2019. Em novembro de 2021, a PF retomou uma investigação para analisar o possível financiamento do primeiro advogado do agressor, Zanone Manuel de Oliveira Júnior. Não há, no entanto, atualizações públicas sobre o caso.
‘Fakeada’. Além de inventar uma suposta nova operação da PF, o autor do vídeo também cita uma série de argumentos enganosos para colocar em dúvida o atentado sofrido pelo ex-presidente em 2018:
- Segundo ele, haveria uma foto do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) junto de Adélio Bispo. O registro não existe. É fato, no entanto, que o filho de Jair Bolsonaro frequentou o mesmo clube de tiro em Santa Catarina visitado pelo agressor dias antes do atentado;
- Para sugerir que o ataque teria sido forjado, o autor afirma que o local atingido pela faca não sangrou. Esse argumento, que viralizou nas redes logo após o atentado, não prova nada: cirurgiões entrevistados por veículos de imprensa (veja aqui e aqui) explicaram que isso ocorreu porque a arma não atingiu um vaso sanguíneo grande e perfurou órgãos pouco vascularizados. De acordo com o boletim médico da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, a faca cortou a artéria mesentérica superior de Bolsonaro e lesionou seus intestinos grosso e delgado.