Não é verdade que um boneco ensanguentado simulando um bebê palestino morto tenha sido produzido em Israel e esteja sendo comercializado em lojas pelo mundo.O vídeo do brinquedo que tem sido compartilhado por peças de desinformação é fruto de uma montagem feita por um artista mexicano, que publicou em suas redes uma gravação em que fingia ter encontrado o produto à venda. Segundo ele, o intuito era chamar atenção para as mortes de crianças no conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas.
As publicações enganosas acumulavam centenas de compartilhamentos no X (ex-Twitter) e no Facebook até a tarde desta segunda-feira (15). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível precisar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Fizeram bonecos de bebê palestino para vender.
São enganosas as publicações que compartilham fotos e um vídeo de uma boneca que simula um bebê palestino morto como se fosse um brinquedo real produzido em Israel. O produto é, na verdade, uma intervenção artística feita pelo mexicano Vlocke Negro para, segundo ele, ajudar a dar “visibilidade às mortes de crianças na Faixa de Gaza”.
Em um primeiro momento, a peça foi disseminada pelo próprio artista, que não deixou claro em sua publicação que o vídeo em que mostrava o boneco era fruto de montagem. Mas o conteúdo acabou se espalhando como se mostrasse um brinquedo real. Mais tarde, Vlocke Negro explicou em seu perfil no Instagram que o brinquedo foi feito para chamar a atenção para as mais de 10 mil crianças mortas no conflito: “poucas pessoas perguntaram sobre as intenções desse projeto. Os demais replicaram de maneira voraz em busca dos desejados likes” (veja abaixo).
Essa não é a primeira vez que Vlocke Negro produz bonecos para se manifestar nas redes: no ano passado, ele também publicou uma gravação com um brinquedo que representava a candidata às eleições presidenciais mexicanas Claudia Sheinbaum.
A informação de que 10 mil crianças morreram na Faixa de Gaza desde 7 de outubro do ano passado, data de início do conflito no Oriente Médio, foi publicada pela organização Save the Children em janeiro. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 24 mil palestinos já morreram em decorrência do confronto.
As publicações enganosas têm circulado em diferentes idiomas nas redes e foi desmentida por veículos de checagem internacionais, como Infodemia e AFP.