🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que TSE admitiu ligação entre PT e PCC

Por Priscila Pacheco

23 de agosto de 2022, 14h27

Não é verdade que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concluiu que há ligação entre o PT e a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), como diz o youtuber e candidato a deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em vídeo nas redes sociais (veja aqui). Ao negar um pedido do PT para a exclusão de uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (PL), a ministra Maria Claudia Bucchianeri não disse existir conexão entre o partido e o PCC, apenas afirmou que se tratava de um vídeo veiculado pela Record.

A peça desinformativa conta com 27 mil compartilhamentos no Facebook e 267 mil visualizações no YouTube nesta terça-feira (23).


Selo falso

Tá liberado! TSE admite que o PCC tem sim ligação com o PT de LULA

YouTuber engana ao afirmar que TSE admitiu ligação entre PT e PCC

Circula nas redes um vídeo publicado pelo youtuber e candidato a deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) com o título “TSE admite que o PCC tem sim uma ligação com o PT de Lula”, o que é falso. Gayer se refere à decisão da ministra Maria Claudia Bucchianeri, que negou um pedido do PT para derrubar uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele sugeria tal conexão. A ministra, entretanto, não confirmou uma ligação entre o partido e a facção criminosa na sua decisão.

O caso julgado por Bucchianeri foi um pedido do PT para excluir um vídeo que Bolsonaro compartilhou em 19 de julho, em suas contas oficiais no Instagram e Twitter. O presidente publicou um trecho de uma reportagem da TV Record, em 9 de agosto de 2019, sobre interceptações telefônicas feitas pela PF (Polícia Federal) na Operação Cravada. Em uma das gravações, Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como Elias e apresentado pela reportagem como integrante do PCC, disse que a facção tinha diálogo com o PT e temia o então ministro da Justiça Sergio Moro (UB-PR), hoje pré-candidato ao Senado.

“Pra você ver, o PT com nós [sic] tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nós cabuloso, mano, porque, situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nós cabulosa, mano”, disse Pereira na ligação interceptada. Na época, o partido disse que a revelação das escutas era uma “armação” da Polícia Federal, então subordinada a Moro. O promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, responsável por investigar o PCC, afirmou no mesmo dia que não havia indícios de negociações entre o PT e a facção.

O PT entrou na Justiça para pedir a remoção da postagem de Bolsonaro com o argumento de que se tratava de disseminação de desinformação e realização de propaganda eleitoral antecipada negativa. A ministra do TSE Maria Claudia Bucchianeri negou o pedido e argumentou que o presidente não tirou de contexto nem adulterou o material exposto. Ela ponderou que o conteúdo da conversa interceptada foi publicado por diversos veículos de comunicação, mas jamais desmentido. No entanto, a magistrada frisou que não se tratava de um juízo de valor sobre o conteúdo da postagem.

“Dessa forma, sem exercer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo da conversa interceptada, se verdadeira ou não, o fato é o de que a interceptação telefônica trazida na matéria jornalística compartilhada e comentada pelo representado é real, ocorreu no contexto de determinada operação coordenada pela Polícia Federal, de sorte que a gravação respectiva é autêntica, o que não implica, volto a dizer, qualquer análise de mérito sobre a procedência, ou não, daquilo o quanto dito pelas pessoas cujas conversas estavam sendo monitoradas”, diz Bucchianeri em sua conclusão.

Em nenhum trecho do documento publicado pela Justiça há a menção de que o TSE reconhece alguma ligação entre o partido e a facção criminosa. O PT recorreu da decisão da ministra.

O Aos Fatos entrou em contato com Gustavo Gayer para que pudesse comentar a checagem, mas não obteve retorno até a publicação.

Referências:

1. YouTube TV Record
2. Folha de S. Paulo
3. PT
4. UOL
5. TSE
6. Migalhas (Fontes 1 e 2)
7. Estadão
8. Metrópoles


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