Não é verdade que uma foto mostra uma menina cristã chorando ao ser leiloada pelo grupo terrorista Estado Islâmico, como afirmam publicações nas redes. A imagem registra, na verdade, o momento em que uma criança chora ao perder uma competição religiosa infantil na Síria em 2013.
A peça de desinformação, que circulou inicialmente em 2015, voltou a ser compartilhada nas redes na última semana. Ela acumula centenas de compartilhamentos no Facebook e milhares de visualizações no TikTok e no Kwai.
Não estão procurando seus pais. Estão leiloando pela melhor oferta. O Estado Islâmico permite isso. Peço que compartilhe. O mundo precisa saber disso.
São mentirosas as publicações que alegam que uma foto que mostra uma criança chorando enquanto é abraçada por um homem que fala ao microfone seria um registro de um leilão de meninas cristãs conduzido pelo grupo terrorista Estado Islâmico. A imagem, na realidade, mostra uma menina que chorou ao perder uma competição religiosa na Síria.
A cena foi retirada de um vídeo gravado em setembro de 2013 e posteriormente deletado do Youtube e do Facebook. A filmagem, no entanto, ainda pode ser encontrada no site Alwatan Voice. De acordo com a AFP árabe, a menina que aparece na gravação participava de uma competição em Aleppo, na Síria, para recitar trechos do Alcorão. Quando chegou a sua vez de falar, no entanto, ela permaneceu em silêncio. O homem que aparece ao seu lado na cena, então, recitou algumas palavras para ajudá-la a se lembrar.
Momentos depois, o homem anunciou o vencedor, e a menina, que perdeu, começou a chorar. Para consolá-la, o organizador prometeu lhe dar um prêmio. Cenas do vídeo de fato mostram a criança sorrindo momentos depois ao receber brindes.
O evento que aparece no vídeo foi promovido por integrantes do Estado Islâmico como uma forma de pregação do Alcorão. O organizador, segundo a AFP, foi Abu Waqqas Al-Tunisi, que se destacou por promover educação religiosa dentro do grupo terrorista.
Esta mesma peça de desinformação circulou nas redes em 2015, quando foi desmentida pelo e-Farsas. As publicações enganosas voltaram a ser compartilhadas na última semana junto com a alegação de que os Estado Islâmico seria apoiado por partidos de esquerda, o que também não tem lastro na realidade.
É fato, no entanto, que a organização terrorista é acusada de transformar mulheres capturadas em escravas sexuais. Em 2014, por exemplo, após o massacre da comunidade Yazidi, no Iraque, centenas de mulheres e crianças foram alvo de violência sexual por parte de integrantes do grupo.