Não é verdade que o governo federal enviou alimentos fora do prazo de validade para os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. As peças de desinformação que fazem essa alegação compartilham uma denúncia feita por um vereador de Bagé (RS) em fevereiro deste ano — antes, portanto, das atuais enchentes — sobre mantimentos enviados pelo Executivo federal em 2023 que não teriam sido distribuídos a tempo pela Defesa Civil.
Publicações com a alegação falsa somavam cerca de mil compartilhamentos no X (ex-Twitter) até a tarde desta quinta-feira (9).
Absurdo Desgoverno Lula enviando perecíveis com data de validade vencida em 2023 para os irmãos do Rio Grande do Sul
Um vídeo gravado em fevereiro deste ano pelo vereador de Bagé (RS) Flavius Dajulia (PT) tem sido compartilhado fora de contexto nas redes para sugerir que o governo federal estaria enviando alimentos fora do prazo de validade para os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Na gravação, publicada meses antes do início do desastre climático, o político alega que os alimentos enviados pelo Executivo federal para a população da cidade não estavam sendo distribuídos pela Defesa Civil.
"Alimento destinado pelo governo Lula, pelo governo federal, para ser distribuído para a população carente do nosso município, estocado há mais de seis meses na Defesa Civil e não sendo entregue", diz o vereador em um trecho do vídeo que agora circula fora de contexto (veja abaixo).
Na época, a Defesa Civil de Bagé afirmou em nota que entregou mais de 18 mil cestas básicas e que não foi distribuído nenhum alimento com data de validade expirada. "Os poucos produtos que porventura venceram ou estão por vencer são trocados com o fornecedor antes da entrega das cestas, que são minuciosamente conferidas antes de sair para a rua".
Em 2023, Bagé enfrentou duas situações de emergência — uma causada por uma estiagem e a outra em razão de tempestades de granizo. Na época, o governo federal aprovou o envio de recursos para a compra de água, combustível e cestas básicas. A entrega dos alimentos, no entanto, se tornou alvo de críticas de políticos de oposição, que alegaram que a prefeitura estaria se negando a distribuir os donativos.
Em novembro, a prefeitura de Bagé afirmou ter acionado a Justiça contra vereadores do PT por disseminação de desinformação sobre o caso. De acordo com a administração municipal, o grupo teria filmado produtos estocados no depósito do atacado de alimentos que venceu a licitação para fornecer as cestas básicas na cidade e alegado que se tratava de mantimentos guardados no galpão da Defesa Civil.
Desde o final de abril, o Rio Grande do Sul tem sofrido com tempestades e enchentes que afetaram 428 de seus 497 municípios — Bagé não consta na lista de cidades atingidas pela catástrofe. O número de mortos subiu para 107 e o de desaparecidos, para 136 — além de mais de 165 mil pessoas desalojadas.