Não é verdade que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ordenou que a PF realizasse uma operação na casa do também ministro Gilmar Mendes, como alegam publicações nas redes. Em nota, o Supremo negou que a ação tenha ocorrido. Segundo os posts, a operação teria sido motivada por uma declaração de Gilmar alegando que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não planejava dar um golpe de Estado. O ministro nunca disse algo semelhante.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 3.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (20).
URGENTE: Após Gilmar Mendes dizer que não houve golpe do ex-presidente bolsonarista Jair Bolsonaro no 8 de janeiro, Alexandre de Moraes manda a PF na casa do ministro.
São mentirosas as publicações alegando que Alexandre de Moraes ordenou que a PF realizasse uma operação na casa de Gilmar após o decano afirmar em entrevista que não houve tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. As publicações trazem diversas alegações falsas:
- Não há registros na imprensa e em sites oficiais de que a PF tenha realizado uma operação na residência de Gilmar Mendes;
- O ministro também não afirmou recentemente que Bolsonaro não planejava um golpe de Estado. As peças de desinformação distorcem uma declaração dada pelo decano do STF em janeiro de 2023;
- Na ocasião, Gilmar disse não acreditar que os manifestantes do 8 de Janeiro – e não o ex-presidente – teriam tentado dar um golpe.
Em nota, a assessoria de imprensa do STF negou que Moraes tenha autorizado uma operação contra Gilmar. As últimas notícias que envolvem o decano do Supremo e a força policial, na verdade, desmentem as peças de desinformação: em evento na última terça-feira (19), Gilmar afirmou que a PF conseguiu obter provas “convincentes” contra o governo Bolsonaro que mostravam que “algo muito ruim estava em marcha”.
A declaração de Gilmar citada pelos posts enganosos foi feita em entrevista ao canal português RTP em 18 de janeiro de 2023, dez dias depois da invasão à sede dos Três Poderes. Na ocasião, o ministro disse não acreditar que as ações dos manifestantes configuravam uma tentativa de golpe de Estado.
Com o andar das investigações, no entanto, Gilmar mudou de opinião e passou a afirmar que os golpistas buscaram, sim, atentar contra a democracia. O decano votou pela condenação de réus do 8 de Janeiro pelos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.