Nelson Jr./STF

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

O que se sabe sobre o caso de agressão à família de Alexandre de Moraes na Itália

Por Luiz Fernando Menezes

17 de julho de 2023, 13h35

Desde que veio a público que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e familiares teriam sido agredidos no aeroporto de Roma, em reportagem do jornal O Globo publicada na sexta-feira (14), o episódio ainda não esclarecido tem sido usado em disputas de motivação política nas redes.

Enquanto o magistrado alega que três brasileiros teriam começado a discussão e um deles teria acertado um tapa no filho dele, que também se chama Alexandre, os suspeitos afirmam que o caso foi um mal entendido e negam ter ofendido a família do ministro. Em depoimento à PF (Polícia Federal) nesta terça-feira (18), dois suspeitos admitiram que empurraram o filho de Moraes.

As imagens do momento ainda não foram divulgadas, e a Polícia Federal investiga o que ocorreu. O Aos Fatos organizou o que se sabe até agora:

  1. O que alega Alexandre de Moraes?
  2. Quem são os suspeitos e o que eles alegam?
  3. Quais são os próximos passos da investigação?
Leia mais
Nas Redes Vídeo mostra Alexandre de Moraes sendo hostilizado em Nova York, não agredido na Itália

1. O que alega a família de Moraes?

O ministro Alexandre de Moraes enviou à PF, no domingo (16), uma representação para registrar sua versão de como aconteceu a agressão. Dois dias antes, um relato convergente ao de Moraes havia sido divulgado em reportagem exclusiva do jornal O Globo, que cita uma fonte anônima.

  • Moraes e sua família aguardavam o embarque para viajar a outro país da Europa, após uma palestra do ministro na Universidade de Siena;
  • Já a outra família envolvida no caso esperava um voo com destino ao aeroporto de Guarulhos. Três pessoas teriam participado da agressão: o casal Roberto Mantovani Filho e Andréia Munarão, e o genro deles, Alex Zanatta Bignotto;
  • O filho do casal, Giovani Mantovani, também estava presente, mas não teria participado da discussão, segundo o jornal;
  • A família de Moraes estava na área de embarque por volta das 19h (ou 14h do horário de Brasília) de sexta-feira (14) quando Andréia teria se dirigido a Moraes e dito que ele seria “bandido, comunista e comprado”, ainda de acordo com a reportagem;
  • Segundo o relato, foi então que teve início uma discussão e Roberto Mantovani gritou, empurrou e acertou um tapa no rosto do filho do ministro;
  • Testemunhas teriam intervido para apartar a confusão;
  • Momentos depois, Andréia e Bignotto retornaram à sala VIP e continuaram ofendendo a família de Moraes.

Foto mostra os três suspeitos de agredirem família de Moraes no aeroporto de Roma
Suspeitos. Da esquerda para a direita: Andreia Munarão, Alex Bignotto e Roberto Mantovani Filho no aeroporto de Roma (Reprodução)

2. Quem são os suspeitos e o que eles alegam?

  • Roberto Mantovani Filho é um empresário de 71 anos que mora em Santa Bárbara D’Oeste (SP). Foi candidato à prefeitura da cidade em 2004 pelo PL atual partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não se elegeu. Vale lembrar que, na época, a sigla era base aliada de Lula e que, depois, mudou para PR. O partido só voltou a ser PL em 2019. Atualmente, Mantovani Filho era filiado ao PSD, que divulgou nota na qual repudiou o caso e afirmou que Mantovani deve ser expulso da sigla;
  • Andréia Munarão é mulher de Roberto;
  • Alex Zanatta Bignotto é corretor de imóveis e casado com a filha de Roberto.

Bignotto foi o primeiro a prestar depoimento. No domingo (16), ele negou que agrediu ou ofendeu o ministro: as ofensas teriam partido de outras pessoas que se reuniram perto da família de Moraes.

Antes do depoimento de Andréia e Mantovani, o advogado que representa os três suspeitos divulgou nota em que nega que eles tenham ofendido Moraes e sua família. Segundo essa versão, a sequência dos acontecimentos teria sido a seguinte:

  • Uma outra pessoa, que não seria nenhum dos três suspeitos, teria ofendido o ministro no aeroporto;
  • A família de Moraes, no entanto, teria entendido que as ofensas teriam partido de Andreia e iniciado a discussão;
  • O filho de Moraes teria, então, ofendido Andreia e, por isso, Roberto “precisou conter os ânimos do jovem ofensor”.

Nesta terça-feira (18), no entanto, o casal mudou a versão em depoimento à PF e admitiu que Roberto Mantovani Filho empurrou o filho de Moraes. De acordo com a imprensa, Andréia e Mantovani relataram a seguinte ordem dos acontecimentos:

  • A família de Moraes estava sendo ofendida por outras pessoas na sala VIP, que estaria lotada, quando Andréia chegou e disse para o ministro que "para político tem lugar, mas para pessoas com duas crianças de colo não tem";
  • O filho do ministro, então, teria começado a discussão e ofendido Andréia;
  • Mantovani teria o “afastado com o braço” para defender a esposa. Nesse momento, alegam que ele "pode ter esbarrado" no óculos do rapaz;
  • Depois, o filho de Moraes teria perguntado se Roberto “queria briga” e o homem respondeu que apenas queria defender a esposa.

3. Quais são os próximos passos da investigação?

A PF abriu um inquérito para investigar a suposta agressão. As imagens das câmeras de segurança do aeroporto foram solicitadas à polícia italiana, que deve compartilhar as gravações ainda nesta semana. Na última terça-feira (18), a presidente do STF, Rosa Weber, autorizou uma operação de busca e apreensão nos endereços dos suspeitos.

De acordo com o artigo 7º do Código Penal, crimes praticados por brasileiros, mesmo cometidos em território estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira. Caso seja provado que houve agressão, os suspeitos poderão, então, ser responsabilizados pelo Judiciário. A PF analisa enquadrar os suspeitos por crimes contra a honra e ameaça, cujas penas podem chegar a até dois anos e seis meses de prisão.

Em entrevista à GloboNews, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), disse que “a PF, com isenção e caráter técnico, vai ouvir todas as pessoas”. “É necessário que haja isto [a investigação] para que haja uma resposta legal para este fato. E também [para a] prevenção, para que outras pessoas não se sintam animadas a prosseguir nessa vereda reprovável de agressões em locais públicos.”

Referências:

1. UOL
2. O Globo (1, 2, 3, 4, 5)
3. G1 (1, 2, 3)
4. O Estado de S. Paulo
5. Poder360
6. Planalto


Esta reportagem será atualizada caso haja novas informações. A última atualização foi feita no dia 19 de julho de 2023 para incluir informações sobre a autorização da operação de busca e apreensão nas casas dos supeitos.

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