🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Após vitória de Milei, apoiadores abandonam alegações falsas de fraude eleitoral

Por Luiz Fernando Menezes

21 de novembro de 2023, 16h01

Apoiadores do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, abandonaram as alegações de fraude eleitoral após a confirmação da vitória do candidato de extrema-direita, no último domingo (19).

No primeiro turno, ocorrido no dia 22 de outubro, circularam nas redes conteúdos falsos, denunciando supostas irregularidades na votação. O movimento não se repetiu no segundo turno:

  • Nas ferramentas de monitoramento do Aos Fatos, por exemplo, apareceram publicações que resgatavam as falsas denúncias do primeiro turno; também apareceu a notícia, divulgada na imprensa argentina, de que foram encontradas cédulas forjadas de Massa e Milei no dia do pleito;
  • Organizações de checagem de fatos da Argentina, como o Chequeado e o Reverso, publicaram apenas um desmentido sobre o assunto: no dia do pleito, circularam imagens das cédulas de Milei com os números do partido recortados, o que seria uma tentativa de anular os votos do candidato. A legislação argentina, no entanto, considera as cédulas sem números como votos válidos;
  • Não há declarações de Milei alegando fraude eleitoral após o resultado de domingo (19). Ao fim da votação, seu partido reconheceu que não houve irregularidades e disse que a eleição foi marcada por transparência.
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Também têm viralizado publicações que alegam que não houve fraude nas eleições argentinas porque lá a votação é feita por cédulas de papel (veja abaixo). Essas publicações contradizem alegações que os apoiadores de Milei — e o próprio candidato — compartilharam após o primeiro turno, como imagens e vídeos de cédulas rasgadas ou rasuradas e supostos votos jogados no lixo. Fraudes que só poderiam existir por causa do processo de votação, que inclui recortar cédulas com uma tesoura, colocá-las num envelope e, depois, inserir numa urna de papelão.

Trecho de reportagem da Record circula junto de legenda que diz que ‘na Argentina o sistema eleitoral segue em cédulas como maioria dos países evoluídos’
Papel. Publicações alegam que não houve fraude porque sistema de votação argentino envolve cédulas impressas (Reprodução/Instagram)

O cenário é diferente do que ocorreu no Brasil em 2018: após a vitória de Jair Bolsonaro (PL), peças enganosas continuavam a sugerir que as urnas eletrônicas e a Justiça Eleitoral teriam prejudicado o candidato vencedor.

Na Argentina, no entanto, esse discurso só apareceu após o primeiro turno, quando o candidato governista Sergio Massa terminou na frente de Milei. Naquele momento, o próprio candidato lançou dúvidas sobre o processo eleitoral depois do resultado do primeiro turno. Em entrevista ao peruano Jaime Bayly no dia 7 de setembro, por exemplo, Milei disse que houve irregularidades que “colocaram o resultado em dúvida”.

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No dia 16 de novembro, faltando menos de uma semana para o segundo turno, a campanha de Milei alegou, sem apresentar provas, que agentes de segurança teriam alterado os votos para favorecer Massa no primeiro turno. Um dia depois, no entanto, o advogado do partido A Liberdade Avança, Santiago Viola, voltou atrás e negou que fosse uma denúncia, mas apenas um alerta para que tomassem cuidado na transferência das urnas.

Alguns influenciadores e usuários apoiadores de Milei já preparavam o discurso de fraude em caso de derrota. Allan dos Santos, por exemplo, publicou em seu Locals — rede social que funciona por meio de comunidades geridas pelos influencidadores — que o candidato de direita não teria chances porque o sistema, ligado ao Foro de São Paulo, não permitiria sua vitória.

As pesquisas eleitorais mostravam uma disputa acirrada entre Massa e Milei, mas a Atlas Intel, que acertou o placar das primárias e do primeiro turno, apontava que o candidato de direita seria o vencedor. No último domingo, Milei conseguiu 14,4 milhões de votos válidos (cerca de 55,5%), enquanto o governista terminou com 11,5 milhões de votos (cerca de 44,3%).

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