Cópia do Twitter, Threads dá acesso a perfil de Allan dos Santos no Instagram que STF bloqueou

O blogueiro foragido Allan dos Santos, que foi proibido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de ter perfis ativos em redes como o Instagram e o Facebook, da Meta, está sendo beneficiado por uma brecha na nova plataforma da empresa, chamada Threads, que permite que seu perfil com selo de verificação seja acessado no Brasil.

• Cópia do Twitter, o Threads foi lançado pela Meta na noite de quarta-feira (5), e os usuários precisam vincular as contas no Instagram para que possam acessá-lo;
• Allan dos Santos usou o perfil verificado dele no Instagram, @allansantosbr — que está inacessível no Brasil por decisão judicial —, para criar uma conta no Threads;
• A nova rede permite que os usuários sigam automaticamente todas as pessoas que já seguem no Instagram, o que tende a beneficiar influenciadores, como é o caso de Allan dos Santos;
• Às 15h desta quinta-feira (6), o perfil @allansantosbr no Threads já contava com 17 mil seguidores;
• A conta de Santos na nova rede da Meta está indisponível por meio da busca de usuários e mesmo por links diretos que levam ao aplicativo, mas é possível acessá-la na versão de computador (desktop) ou pelo navegador do celular.

A informação foi publicada pelo próprio influenciador de extrema-direita em outra conta (@allanconta35) que ele abriu na nova rede.

Brecha. Blogueiro Allan dos Santos usou conta nova no Threads para informar que perfil bloqueado estava acessível pelo navegador (Reprodução/Threads)

Com a @allanconta35, vinculada a um perfil no Instagram que abriu em junho, Allan dos Santos respondeu a um post de uma seguidora afirmando: “A minha conta verificada já não pode ser vista no aplicativo, apenas no navegador”.

O link informado pelo blogueiro no post leva ao perfil verificado no Threads @allansantosbr, que às 15h desta quinta-feira (6) já contava com 17 mil seguidores. “Testando a liberdade”, diz o primeiro post publicado pelo influenciador na nova rede de Mark Zuckerberg.

Não é possível acessar o perfil @allansantosbr pela busca do Threads ou pelo aplicativo, apenas pelo computador ou pelo navegador do celular. Apesar de estar visível no Threads, o perfil segue banido no Instagram.

Nesta rede, porém, a conta @allanconta35 está ativa — e é localizada pela busca — há pelo menos duas semanas, com mais de 32 mil seguidores na tarde desta quinta (6). O influenciador usa a rede para divulgar sua newsletter e a página do canal Terça Livre em plataformas alternativas.

Testando a liberdade. Allan dos Santos mantém conta verificada no Threads, apesar de bloqueio do STF (Reprodução/Threads)

O perfil no Instagram @allansantosbr está entre os especificados na decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes que bloqueou as redes sociais do influenciador em outubro de 2021. Vinculada à Petição nº 9.935 e ao Inquérito nº 4.874, a ordem também abrangia contas do blogueiro e do Canal Terça Livre no YouTube, Facebook, Twitter e em outras redes sociais. Embora o Threads ainda não existisse à época, a decisão de Moraes autorizava as autoridades policiais “a indicar outros perfis que devam ser bloqueados”.

Santos vive nos Estados Unidos desde 2020 e é considerado foragido da Justiça desde que teve sua prisão preventiva decretada em 2021, no âmbito do inquérito das fake news. Ele está na mira do STF nas investigações sobre a existência de uma milícia digital acusada de promover ataques à democracia e às instituições. Atualmente, os Estados Unidos analisam um pedido de extradição feito pelas autoridades brasileiras.

Esta não é a primeira vez que Santos busca contornar o bloqueio a suas redes sociais. Em fevereiro deste ano, usando outra conta alternativa, o blogueiro provocou: “Chora, Xandão. Foragido é seu forevis”.

O Aos Fatos procurou a Meta para questionar por que o perfil permanece acessível no Threads, apesar de estar vinculado a conta bloqueada por ordem judicial. Também perguntou por que o Instagram permitiu que Allan dos Santos criasse uma nova conta na rede e se a concessão de um selo de verificação ao blogueiro estava de acordo com as políticas da empresa. A Meta respondeu que “não comenta casos que estão sob sigilo”.

Referências:

1. STF (Supremo Tribunal Federal)
2. Folha de S.Paulo
3. Poder360