“Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados (...) estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida muito mais rápido que o previsto.”
É FALSO que relatórios britânicos apontam que indivíduos vacinados contra a Covid-19 têm uma chance maior de desenvolver Aids. Bolsonaro replica o conteúdo de uma peça de desinformação que tem circulado nas redes e foi checada por Aos Fatos no dia 21 de outubro de 2021. A postagem usa como suposta fonte para suas alegações os relatórios semanais do Departamento de Saúde Pública do Reino Unido, que avaliam a eficácia das vacinas aplicadas no país. Os documentos, no entanto, não fazem qualquer menção à Aids como consequência da imunização contra o Sars-CoV-2, e não há qualquer indício de que as vacinas em uso no mundo levem ao desenvolvimento da doença. A Aids é causada pelo vírus HIV, presente em fluidos corporais ou no sangue de indivíduos infectados. A partir dos dados presentes no relatório, a peça de desinformação busca calcular a taxa de imunidade da população comparando a taxa de incidência de Covid-19 a cada 100 mil pessoas, entre vacinados com duas doses e não vacinados. A fórmula, no entanto, é inválida, porque o crescimento no número de casos da infecção entre vacinados pode se dar por uma série de fatores, inclusive pelo aumento na quantidade de pessoas totalmente imunizadas pela doença. Além disso, é importante lembrar que nenhuma vacina impede totalmente que o indivíduo seja infectado pela Covid-19: sua função é atuar na redução da gravidade e do risco de morte. Segundo a doutora em imunologia pela USP (Universidade de São Paulo) Letícia Sarturi, para avaliar a resposta imunológica de um indivíduo, analisa-se a geração de células de memória (como linfócitos T e B) e o nível de anticorpos produzido por elas, informações que não constam no relatório do departamento de saúde britânico.