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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Seis perguntas e respostas essenciais sobre a vacina contra Covid-19 da Pfizer

Por Priscila Pacheco

26 de maio de 2021, 17h42

A vacina da Pfizer/BioNTech foi o primeiro imunizante contra a Covid-19 a receber o registro definitivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil, mas só começou a ser aplicada na população no início deste mês. Os atrasos na compra do fármaco têm sido alvo da CPI da Covid-19 ao passo que o país espera a finalização da entrega das 200 milhões de doses que agora estão contratadas.

A seguir, respondemos a seis perguntas essenciais sobre esta vacina, que se soma à CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, e à AstraZeneca, fabricada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), na campanha de vacinação brasileira.

  1. Qual é a taxa de eficácia da vacina da Pfizer?
  2. Qual deve ser o intervalo entre as duas doses?
  3. Qual a tecnologia utilizada para produzir esse imunizante?
  4. O nosso DNA pode ser alterado por esta vacina?
  5. Quais são os possíveis efeitos colaterais do imunizante?
  6. A vacina da Pfizer funciona contra as variantes do novo coronavírus?

Qual é a taxa de eficácia da vacina da Pfizer?

A taxa global de eficácia do imunizante é de 95% — ou seja, quem receber as duas doses pode ter até 95% menos chances de ser infectado pelo novo coronavírus, indica o estudo de fase três publicado pelos desenvolvedores da vacina em dezembro do ano passado.

A proteção do imunizante começa a fazer efeito por volta de duas semanas após a primeira dose, de acordo com estudo conduzido em Israel. Entre 21 e 27 dias, as taxas saltam para 60% de eficácia para evitar a infecção, 66% para impedir o surgimento de sintomas, 78% para evitar hospitalizações, 80% para interromper o agravamento da doença e 84% contra mortes. Após a aplicação da segunda dose, a eficácia global é alcançada a partir de sete dias.

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Qual deve ser o intervalo entre as duas doses?

O intervalo deve ser maior ou igual a 21 dias — de preferência três semanas, segundo a bula da vacina aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No entanto, uma norma técnica do Ministério da Saúde orienta que estados e municípios adotem o intervalo entre doses de 12 semanas (84 dias).

Segundo a Pfizer, as indicações sobre regimes de dosagem ficam a critério das autoridades de saúde locais. O Reino Unido, por exemplo, adota intervalo de 12 semanas, como o Brasil, para a população em geral, mas de oito semanas para os grupos prioritários. No Canadá, o período de espera entre uma dose e outra é de 16 semanas.

Qual a tecnologia utilizada para produzir esse imunizante?

A vacina usa a tecnologia do mRNA (RNA mensageiro) sintético, em que essas moléculas passam uma mensagem para o organismo produzir a proteína spike, também chamada de antígeno, presente na superfície do vírus. A partir dessa ação, o sistema imunológico é estimulado a produzir anticorpos contra o antígeno, garantindo proteção contra a Covid-19.

Apesar de ser a primeira vez que esse tipo de tecnologia é usada, já havia pesquisas de vacinas de mRNA contra outras doenças, como gripe, zika, raiva e citomegalovírus.

O nosso DNA pode ser alterado por esta vacina?

Não. O mecanismo empregado na vacina de mRNA não interfere no nosso código genético. Além de não entrar no núcleo da célula, onde fica armazenado o DNA, o RNA mensageiro se decompõe rapidamente após cumprir sua função de criar o antígeno.

Quais são os possíveis efeitos colaterais do imunizante?

As principais reações adversas da vacina são dor no local de injeção (80%), fadiga (60%), dor de cabeça (50%), dor muscular e calafrios (30%), dor nas articulações (20%), febre e inchaço no local de injeção (10%). Os efeitos observados foram de intensidade leve ou moderada e desapareceram alguns dias após a vacinação.

Efeitos mais graves, como paralisia facial, chegaram a ser observados durante a pesquisa, mas não foi possível estabelecer relação com o imunizante e os casos não necessitaram de atenção médica.

Reações alérgicas também foram registradas os EUA, mas pesquisadores do CDC (Centers for Disease Control and Prevention, órgão de saúde do governo americano) e do FDA (Food and Drug Administration, órgão americano equivalente à Anvisa) apontaram que a maioria com esses sintomas tinha histórico de alergias ou reações derivadas de medicamentos, alimentos e picadas de insetos.

No Brasil, a Anvisa recomenda que as pessoas que recebem o imunizante permaneçam sob observação por pelo menos 15 minutos após a aplicação. Nos EUA, esse prazo é de 30 minutos para quem tem histórico de reação alérgica imediata.

A vacina da Pfizer funciona contra as variantes do novo coronavírus?

Informações preliminares indicam resultados positivos contra a maioria das variantes de maior risco, como as cepas descobertas no Reino Unido (B.1.1.7), na África do Sul (B.1.351), na Índia (B.1.617.2) e no Brasil (P.1). Para se determinar as taxas de eficácia oferecidas para cada variante, no entanto, mais estudos serão necessários.

Contra a variante brasileira, conhecida como a “variante de Manaus”, a vacina da Pfizer/BioNTech tem a capacidade de agir por induzir a resposta neutralizante de anticorpos, de acordo com estudo preliminar de pesquisadores da Universidade de Oxford e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz)

Em relação à B.1.1.7, que circula no Brasil ao menos desde janeiro, e à B.1.351, que teve casos identificados em São Paulo em abril, a vacina também foi considerada eficaz, segundo carta publicada no dia 5 de maio no New England Journal of Medicine.

Um estudo observacional publicado na revista The Lancet e conduzido pela Pfizer e pelo Ministério Público de Israel reforçou os dados de eficácia sobre essas duas variantes após a segunda dose, que chegou a 96,7% contra óbitos.

Já sobre a cepa indiana, um estudo preliminar do governo britânico divulgado no dia 22 de maio indicou que a vacina alcançaria 33% de efetividade contra a doença sintomática três semanas após a primeira dose. O percentual salta para 88% duas semanas depois da segunda dose.

Esta reportagem foi alterada no dia 27 de maio de 2021, às 12h38 para incluir a informação de que o governo brasileiro já contratou 200 milhões de doses da Pfizer, e não 100 milhões como publicado inicialmente.

Referências:

1. New England Journal of Medicine (Fontes 1, 2 e 3)
2. Anvisa
3. Ministério da Saúde
4. Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido (Fontes 1 e 2)
5. Governo do Canadá
6. CDC (Fontes 1 e 2)
7. Nature
8. Jama (Fontes 1 e 2)
9. FDA
10. The Lancet (Fontes 1 e 2)
11. Biorxiv
12. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
13. Khub
14. Pfizer
15. Genome
16. G1
17. The New York Times
18. Reuters

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