Um vídeo que mostra centenas de enfermeiros gritando palavras de ordem na rodoviária de Brasília não tem relação com o atual governo e foi gravado em setembro de 2022, antes da vitória eleitoral de Lula (PT), ao contrário do que sugere a legenda incluída na versão que voltou a circular. A gravação foi feita um dia após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso suspender a lei que instituiu o piso da enfermagem, ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL). É possível ouvir no vídeo os manifestantes gritarem “Enfermagem na rua, Barroso, a culpa é sua”.
O vídeo descontextualizado acumula mais de 1,3 milhão de visualizações no TikTok e 300 mil no Kwai até a tarde desta segunda-feira (13). No Facebook, o conteúdo também foi compartilhado centenas de vezes.
Enfermagem com saudades de Bolsonaro, arrependidos nas ruas.
Um vídeo em que centenas de enfermeiros gritam palavras de ordem não mostra uma manifestação contra o presidente Lula e a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao contrário do que sugere a legenda incluída na versão que voltou a circular. O registro original foi feito em setembro de 2022, ainda durante o governo anterior.
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O protesto foi realizado na rodoviária de Brasília em 5 de setembro, um dia após o ministro do STF Luís Roberto Barroso decidir suspender a lei 14.434/2022, que instituiu o piso salarial da enfermagem. Na ocasião, o ministro determinou prazo de 60 dias para que instituições de saúde avaliassem o impacto econômico da proposta. A decisão, mais tarde, foi referendada pelo plenário do tribunal.
O vídeo com as legendas enganosas é mais uma publicação que tenta associar o atual governo à suspensão do pagamento do piso de R$ 4.750 à categoria, decisão que é anterior à eleição de Lula.
O projeto foi apresentado em 2020 pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), à época filiado à Rede. O texto foi sancionado com vetos por Bolsonaro e suspenso pelo STF meses depois.
Profissionais da enfermagem, no entanto, pressionam o atual governo para que o piso salarial comece a vigorar. Desde a última semana de janeiro, o governo elabora uma medida provisória para estabelecer as fontes de recursos que irão permitir o cumprimento da lei, mas o texto ainda não foi apresentado.