São enganosas as publicações que fazem crer que as operações da PF (Polícia Federal) contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em janeiro e fevereiro, ocorreram em virtude de uma perseguição contra ele por causa de sua participação em eventos públicos. As operações foram autorizadas pela Justiça antes de os eventos ocorrerem.
Publicações com a correlação enganosa acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook e milhares de visualizações no X (ex-Twitter) até a tarde desta quinta-feira (8).
Ações contra a direita sempre depois de um grande evento… coincidência ou perseguição? Eles não suportam ver Jair Bolsonaro arrastando multidões nas ruas!
Posts enganosos estabelecem uma falsa correlação entre a operação da PF deflagrada contra políticos de direita e aliados de Bolsonaro, em 29 de janeiro e nesta quinta-feira (8), e a participação do ex-presidente em eventos realizados dias antes das ações policiais. As operações foram autorizadas pela Justiça antes que os eventos ocorressem.
Em 27 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os três filhos que têm mandatos eletivos anunciaram que iriam realizar uma “superlive” no dia seguinte (28), às 19h. A live foi transmitida no horário marcado. Na segunda-feira (29), o ministro do STF Alexandre de Moraes emitiu um mandado de busca e apreensão, e a PF realizou a operação em endereços ligados especificamente a Carlos Bolsonaro. A ação ocorreu no âmbito de uma investigação que apura se integrantes do antigo governo monitoraram opositores por meio de programas de inteligência.
A petição foi protocolada em 22 de janeiro, e o pedido da PF para realizar a operação foi atendido três dias depois pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A decisão autorizando a busca e apreensão na casa do vereador e dos outros citados na investigação foi publicada por Moraes no dia 27 do mês passado, antes, portanto, da realização da live. No texto, consta que o mandado de busca e apreensão foi requisitado pela própria PF.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro e ex-ministros foram alvos de uma outra operação da PF, no âmbito de uma investigação sobre uma organização suspeita de “tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito” antes e depois das eleições de 2022, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder.
As peças checadas enganam ao alegar que a operação teria acontecido em represália a uma visita de Bolsonaro a São Sebastião (SP) na quarta-feira (7). A visita foi anunciada pelo ex-presidente um dia antes (6).
Entretanto, a decisão inicial que autorizou a operação desta quinta, solicitada pela PF, foi assinada por Alexandre de Moraes em 26 de janeiro — ou seja, 12 dias antes do evento em São Sebastião. A petição inicial foi protocolada no STF em 18 de dezembro de 2023 e acatada pela PGR quatro dias depois. No dia 2 de fevereiro, a PF solicitou a inclusão de Valdemar Costa Neto no escopo da medida de busca e apreensão, além da imposição de medidas cautelares diversas. Tudo isso foi acatado pela PGR na quarta-feira (7), o que gerou uma nova decisão de Moraes no mesmo dia.