É falso que a Polícia Federal não tenha apreendido e investigado os celulares de Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro (PL) em Juiz de Fora (MG), em 2018, como afirmam publicações nas redes. O Judiciário autorizou a quebra do sigilo de quatro aparelhos e um notebook do agressor dois dias após o atentado. E, em 2021, a polícia começou a investigar os celulares dos antigos advogados de Bispo.
Essa peça de desinformação acumula centenas de compartilhamentos no Facebook e curtidas no Instagram nesta sexta-feira (5) e também circula no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Invadir o celular de um ex-presidente, para saber se ele tomou vacina, PODE. Investigar o celular de um criminoso que tentou assassinar o Presidente, NÃO PODE.
Após a divulgação de que a PF apreendeu o celular de Jair Bolsonaro durante uma operação que investiga fraudes em cartões de vacinação, publicações nas redes têm feito uma comparação enganosa com o caso de Adélio Bispo para sugerir que o ex-presidente estaria sendo injustiçado. As peças, no entanto, trazem duas mentiras:
- O celular de Bispo foi, sim, apreendido e acessado pela PF;
- A investigação que atinge o ex-presidente apura um esquema de falsificação de cartões de vacina de Bolsonaro, familiares e aliados.
No dia 6 de setembro de 2018, Bispo atacou o então candidato à presidência durante um evento eleitoral em Juiz de Fora (MG). No dia 8, o Judiciário autorizou a quebra de sigilo dos quatro aparelhos celulares e do notebook usados pelo agressor. Mais tarde, PF também anunciou que estava rastreando as movimentações bancárias do agressor.
Após o andamento das investigações, a Justiça autorizou também a quebra do sigilo do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que atuava na defesa de Bispo. Em novembro de 2021, a PF começou a analisar o material apreendido no escritório da defesa. Ainda não há informações sobre conclusões dessa investigação.
Já o aparelho de Bolsonaro foi apreendido na última quarta-feira (3) em meio à Operação Venire, no âmbito do inquérito que investiga as milícias digitais. A PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Brasília, incluindo na residência do ex-presidente, e prendeu seis pessoas.
A polícia investiga um esquema de fraude de dados sobre vacinação em documentos do presidente, de sua família e de aliados. De acordo com a PF, o objetivo do grupo era forjar a condição de imunizado contra a Covid-19 para “emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa”.