Globo não associou Bolsonaro à morte de Marielle Franco em março de 2018

Por Marco Faustino

26 de março de 2024, 18h16

Não é verdade que o Jornal Nacional associou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) na edição que foi ao ar logo após o crime, em março de 2018. As peças de desinformação compartilham um trecho do telejornal de outubro de 2019, quando Bolsonaro foi citado em um depoimento que mais tarde se provou falso. Não há menção ao nome do ex-presidente na reportagem veiculada em 15 de março de 2018, noite seguinte à do assassinato.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 12 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (26).

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Selo falso

Assim, em horário nobre a GLOBO noticiou a m0rte da vereadora até então desconhecida. E toda narrativa se montou a partir daí. Se realmente "fakenews" fosse cr¡me nesse país, ainda contra o presidente da República, imagine se fosse.

Posts fazem crer que TV Globo associou Jair Bolsonaro à morte de Marielle Franco na primeira edição do JN que informou sobre o crime, o que é falso.

Publicações nas redes enganam ao fazer crer que o Jornal Nacional, da Globo, associou Bolsonaro ao assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes na primeira reportagem veiculada após o crime, em 15 de março de 2018. Na edição daquele dia, o telejornal noticiou que a principal hipótese da polícia era que se tratava de uma execução e mostrou a repercussão do crime no país e no exterior. O nome de Jair Bolsonaro, à época deputado federal, não foi citado.

O trecho compartilhado fora de contexto pelas peças de desinformação foi veiculado em 29 de outubro de 2019 — cerca de um ano e meio após o crime. Naquele dia, o Jornal Nacional detalhou o depoimento de um porteiro do Vivendas da Barra, condomínio em que Bolsonaro morou no Rio de Janeiro.

O funcionário afirmou ter falado por duas vezes com Bolsonaro para confirmar a entrada no condomínio de Élcio de Queiroz, acusado de participar do assassinato de Marielle. A reportagem, no entanto, mencionava que registros de presença na Câmara dos Deputados apontavam que o então parlamentar estava em Brasília na data relatada pelo porteiro.

Posteriormente, o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) afirmou que o funcionário prestou informação falsa. Em 2020, um laudo da Polícia Civil assinado por seis peritos apontou que a voz que liberou a entrada de Queiroz era do policial reformado Ronnie Lessa, morador do mesmo condomínio que confessou ter assassinado a vereadora e o motorista.

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Investigações. No último domingo (24), a Polícia Federal prendeu o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), suspeitos de serem os mandantes do crime. Também foi detido o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeito de planejar o assassinato e atrapalhar as investigações.

Os mandados de prisão foram expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes após investigação da PF, que assumiu o caso no ano passado. Os desdobramentos ocorreram após a homologação da delação de Ronnie Lessa.

Referências:

1. Globoplay
2. g1 (1, 2, 3, 4 e 5)
3. Folha de S.Paulo

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