Visita de Bolsonaro à embaixada da Hungria não motivou protesto em Budapeste

Por Marco Faustino

27 de março de 2024, 14h56

Não é verdade que um protesto em Budapeste na terça-feira (26) foi motivado pelas imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na embaixada da Hungria, em Brasília, entre 12 e 14 de fevereiro deste ano, reveladas pelo New York Times. O protesto, cujas imagens têm sido difundidas pelas peças de desinformação, ocorreu após denúncias de corrupção contra auxiliares do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 6.000 curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (27).

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Selo não é bem assim

Depois do The New York Times vazar imagens do Bolsonaro se escondendo na embaixada da Hungria, manifestantes pedem demissão do primeiro-ministro.

Protesto em Budapeste difundido por posts nas redes não ocorreu em razão da divulgação de imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria, em Brasília.

Diferentemente do que alegam posts nas redes, manifestantes não foram às ruas da capital húngara, Budapeste, na terça-feira, pedindo a renúncia do primeiro-ministro Viktor Orbán por causa da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria, em Brasília. As imagens da passagem de Bolsonaro pelo local foram publicadas pelo New York Times.

As peças de desinformação difundem imagens do protesto veiculadas pelo Metrópoles, mas o site em nenhum momento estabeleceu correlação entre a passagem de Bolsonaro pela embaixada e a manifestação na Hungria.

@metropolesoficial "Renuncie, renuncie", foram os gritos de milhares manifestantes na Hungria, que exigiram, nas ruas, a demissão imediata do primeiro-ministro, Viktor Orbán. Os protestos vieram depois que um ex-membro do governo húngaro acusou um assessor sênior de Orbán de tentar interferir em um caso de corrupção. Aqui no Brasil, o nome do primeiro-ministro também está em voga. Orbán é amigo de Bolsonaro (ele veio à posse do ex-presidente em janeiro 2019 e quando Bolsonaro viajou a Budapeste, em 2022, chamou Orbán de "irmão") e um dos expoentes da extrema-direita na Europa, onde é conhecido por suas visões majoritariamente conservadoras, nacionalistas e anti-imigração. #TikToknews ♬ som original - Metrópoles Oficial

O protesto ocorreu após Peter Magyar, um advogado que era próximo do governo húngaro, publicar a gravação de uma conversa com a ex-ministra da Justiça da Hungria, Judit Varga, com quem ele foi casado. Na conversa, ela detalhou o que seria uma tentativa de assessores do chefe de gabinete de Orbán de remover certas partes de documentos em um caso de corrupção.

Em fevereiro, Varga e a então presidente húngara, Katalin Novak, renunciaram em razão de um perdão concedido pela própria Novak, em abril de 2023, ao ex-diretor de um lar de crianças condenado como cúmplice num caso de abuso infantil. Assim como agora, o caso também provocou protestos em Budapeste.

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Embaixada. Na segunda-feira (25), o New York Times divulgou imagens que mostram a estadia de Jair Bolsonaro na Embaixada da Hungria em Brasília entre os dias 12 e 14 de fevereiro. A ida de Bolsonaro à embaixada ocorreu logo após ele ter o passaporte apreendido por operação da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe de Estado pelo ex-presidente e seus apoiadores.

A PF irá apurar os motivos que levaram o ex-presidente a permanecer na embaixada e se houve pedido de asilo político ou tentativa de fuga. Na terça-feira (26), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes abriu prazo de 48 horas para que Bolsonaro explique a visita à embaixada da Hungria.

Referências:

1. New York Times
2. TikTok (@Metrópoles)
3. Estado de Minas
4. UOL (1 e 2)
5. Agência Brasil (1 e 2)

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