É falso que a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard, que é uma mulher trans, deixou de participar da Olimpíada de Tóquio, em 2021, por conta de uma lesão no testículo. A peça de desinformação que circula nas redes brasileiras traduz um texto transfóbico publicado por um site satírico americano. Além de não ter sofrido a lesão citada, a atleta conseguiu participar da competição, mas não se classificou para as etapas finais.
Publicações com o conteúdo enganoso e transfóbico acumulam 3.000 compartilhamentos no Facebook e 6.000 curtidas no Instagram até a tarde desta terça-feira (21). Os posts também circulam no WhatsApp (fale com a Fátima), plataforma em que não é possível estimar o alcance exato.
Primeira mulher transgênero que iria competir nas Olimpíadas do Japão tem lesão no testículo.
Publicações nas redes têm compartilhado como se fosse real um texto transfóbico publicado por um blog satírico americano para criticar a inclusão de atletas trans em competições. O conteúdo enganoso, publicado pelo The Babylon Bee, afirma que a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard, que é uma mulher trans, não competiu na Olimpíada de Tóquio por conta de uma lesão no testísculo. Nada disso aconteceu.
Ainda que tenha sofrido uma lesão no braço em 2018, Hubbard conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos e se tornou uma das primeiras atletas trans a integrarem a competição. Ela, no entanto, não se classificou para as fases finais.
Antes de fazer a transição de gênero, processo que iniciou em 2012 com tratamento hormonal, Hubbard competiu em categorias masculinas durante a adolescência. Ela voltou ao esporte apenas em 2017, após concluir a transição.
Logo após encerrar sua participação na Olimpíada, Hubbard, que na época tinha 43 anos, anunciou sua aposentadoria do esporte.
Essa peça de desinformação circula na esteira de outras publicações transfóbicas que repercutem o discurso preconceituoso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) na Câmara dos Deputados, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Outros posts transfóbicos sobre atletas trans passaram a ser compartilhados após a cena com legendas como “concordo com o Nikolas” ou “Nikolas tinha razão”.
A AFP Checamos também desmentiu essa publicação.