🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Crítica de Jô Soares à Globo foi escrita em 1988, não recentemente

Por Priscila Pacheco

16 de agosto de 2022, 14h19

É falso que um áudio em que se ouvem críticas de Jô Soares (1938–2022) à Globo foi gravado pouco antes de ele morrer, como dizem postagens nas redes sociais (veja aqui). A fala foi registrada em 1988, durante a cerimônia do Troféu Imprensa, no SBT, emissora onde ele trabalhava na época. Na ocasião, Jô Soares criticava José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor da Globo, por vetar comerciais dele e de outros artistas que trabalhavam nas suas peças teatrais.

As peças de desinformação contam com 7.483 compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (16).


Selo falso

Postagens usam gravação de 1988 para afirmar que Jô Soares criticou a Globo antes de morrer

Postagens nas redes enganam ao afirmar que um áudio em que se ouve a voz de Jô Soares foi gravado logo antes de ele morrer, em 5 de agosto. A fala aconteceu durante a cerimônia do Troféu Imprensa de 1988, no SBT, e as críticas são direcionadas a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor da Globo. Na época, Boni tentou vetar comerciais em que apareciam Jô Soares e outros artistas contratados por ele. O conteúdo original está disponível no YouTube.

No fim de 1987, Jô Soares deixou a Globo para apresentar o programa de entrevistas “Jô Soares Onze e Meia”, no SBT. A decisão desagradou Boni, que além de vetar propagandas, queria impedir que o humorista usasse a palavra “gordo” em seus trabalhos. Jô Soares, então, escreveu uma coluna no Jornal do Brasil em que comparou a atitude de Boni com a de produtores de Hollywood que em 1947 perseguiram artistas que seguiam ideologia política diferente dos chefes — o texto que foi lido por ele no Troféu Imprensa e disseminado no áudio enganoso.

“Com impecável senso de oportunidade, a TV Globo escolheu exatamente o momento da constituinte no Brasil para inaugurar sua lista negra. Quem sair da emissora sem ter sido mandado embora corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais sob ameaça de que estes não serão lá veiculados”, diz a coluna.

Jô Soares fez uma crítica direta a Boni no texto. “Finalmente, eu gostaria de dizer que Silvio Santos foi tremendamente injusto quando chamou Boni numa entrevista de office boy de luxo. Nenhum office boy consegue guardar tanto rancor no coração.” Posteriormente, o apresentador disse que Roberto Marinho (1904–2003), dono da emissora, não concordou com a atitude.

Boni deixou a direção da Globo em 1997 e tornou-se consultor, cargo que ocupou até 2001. José Bonifácio Brasil de Oliveira, filho dele apelidado de Boninho, é diretor da Globo atualmente. Jô Soares voltou a trabalhar na emissora anos depois do atrito e apresentou o “Programa do Jô” entre 2000 e 2016.

Referências:

1. YouTube Acervo 80JHL
2. G1 (Fontes 1 e 2)
3. UOL (Fontes 1, 2 e 3)
4. Biblioteca Nacional
5. Folha de S. Paulo
6. Memória Globo
7. Revista Quem


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