🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Propaganda eleitoral de Bolsonaro desinforma sobre atuação do governo na pandemia

Por Priscila Pacheco

18 de outubro de 2022, 17h02

A menos de duas semanas do segundo turno, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) reprisou na propaganda eleitoral de televisão desta segunda-feira (17) informações enganosas sobre a atuação do governo federal no combate à pandemia de Covid-19. No vídeo de cinco minutos, veiculado nos horários do dia e da noite, é dito que a vacinação no Brasil foi considerada uma das mais eficientes do mundo e que a gestão federal garantiu as primeiras doses disponíveis no país — o que é mentira.

No início da propaganda, a apresentadora Carla Cecato diz que a primeira vacina foi aplicada no dia 17 de janeiro de 2021 logo após a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O caso é verdadeiro, mas ocorreu por uma iniciativa do governo de São Paulo, o que é omitido.

Naquele dia, uma estrutura montada no Hospital das Clínicas, na capital paulista, vacinou 112 profissionais de saúde assim que a Anvisa liberou a CoronaVac, imunizante que foi inicialmente desautorizado por Bolsonaro. O Ministério da Saúde, então, decidiu adiantar a distribuição das doses no país para o dia 18 de janeiro.

Em seguida, a propaganda destaca que a vacinação no Brasil foi considerada uma das “mais eficientes” do mundo. Além de ocultar novamente que Bolsonaro desestimulou a vacinação, a campanha desconsidera que o Brasil é o 39º país no ranking de vacinados em números proporcionais, com 80,4% da população imunizada, de acordo com dados do site Our World In Data. Estão na frente do Brasil países como Chile (90,7%), China (89,1%), Portugal (86,7%) e Argentina (83,5%).

O vídeo ainda recorreu à fala, repetida ao menos 115 vezes por Bolsonaro, de que, além da saúde, ele também cuidou da economia durante a pandemia. A declaração é considerada enganosa, uma vez que ele minimizou os riscos da Covid-19 em diversas ocasiões. Afirmou, por exemplo, que a doença era uma “gripezinha”, que o isolamento social seria “conversinha mole” e que as medidas de restrição de circulação seriam para “os fracos”. O presidente também desrespeitou recomendações sanitárias ao causar aglomerações e circular sem equipamento de proteção.

Por fim, a propaganda eleitoral destaca como conquista do presidente o Auxílio Emergencial de R$ 600. O valor está correto, mas a proposta inicial do Ministério da Economia, anunciada no dia 18 de março de 2020, era pagar R$ 200. O valor aumentou depois de negociações com o relator do projeto de lei sobre o assunto, Marcelo Aro (PP-MG), e com o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido), que defenderam publicamente o pagamento de R$ 500 por mês. Posteriormente, negociação com o governo federal determinou que o valor seria de R$ 600. O texto foi aprovado pelo Senado no dia 30 de março e sancionado pelo presidente no dia 2 de abril.

Outro lado. O Aos Fatos entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente Jair Bolsonaro, mas não obteve retorno até a publicação.

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