🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Falsas ligações de Lula e Bolsonaro com satanismo viralizam e geram explosão de buscas

Por Bianca Bortolon, Ethel Rudnitzki, Marco Faustino e Milena Mangabeira

4 de outubro de 2022, 16h32

Conteúdos que associam ao satanismo os dois candidatos à Presidência da República que passaram ao segundo turno, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), circulam nas redes desde domingo (2).

  • Naquele dia, as buscas ligando o petista ao termo “satanista” aumentaram 2.500%, de acordo com dados do Google Trends;
  • Nesta terça (4), após uma série de posts nas redes associarem Bolsonaro também a “satanista” e a “maçonaria”, buscas com os termos aumentaram 5.000%.

A falsa associação entre Lula e satanismo ganhou tração após um vídeo do influenciador Vicky Vanilla, que apoia o candidato e faz parte de uma comunidade de culto a Lúcifer, ter viralizado para além do TikTok, plataforma em que foi publicado originalmente.

O tiktoker fez uma transmissão no sábado (1º) na qual convocava seguidores a reunirem “energias” pela vitória do petista. Um trecho foi tirado de contexto e circulou entre bolsonaristas, nas redes e em sites hiperpartidários, em ao menos 67 postagens identificadas pelo Radar Aos Fatos. O vídeo também foi publicado por políticos como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP).

Lula se identifica como cristão e não tem qualquer associação com a religião satanista. Após a repercussão, Vanilla foi a público esclarecer que o vídeo havia sido tirado de contexto — o que rendeu ameaças a ele — e que o candidato do PT “não tem qualquer ligação com nossa casa espiritual”.

Reação. Após esses conteúdos viralizarem, uma série de posts nas redes passou a pregar a mesma associação com satanismo, mas em relação a Bolsonaro. Uma das publicações exibe um discurso do presidente no interior de um templo maçônico, compartilhado como se fosse recente, mas que ocorreu em 2017, quando Bolsonaro era deputado.

No vídeo, Bolsonaro afirmou que não era “candidato a nada”, tece críticas a governos petistas, e faz alertas sobre um suposto “perigo ideológico” e que era preciso “fugir da política tradicional”. Em nenhum momento Bolsonaro faz adorações satanistas.

Também circula nas redes uma montagem em que o presidente aparece ao lado do general Augusto Heleno, atual ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e de membros da maçonaria, além de uma série de símbolos maçônicos na parede ao fundo, que não estão presentes em versões antigas dessa mesma foto.

A imagem original foi registrada em 31 de março de 2014, quando Heleno foi convidado a dar uma palestra na sede do Grande Oriente do Brasil, uma das mais antigas associações de lojas maçônicas do país, fundado em 1822.

Na imagem adulterada, é possível ver uma série de símbolos que não possuem conotações satanistas:

  • O compasso e o esquadro com a letra G ao centro representam o Grande Arquiteto do Universo ou Grande Geômetra;
  • O triângulo com o olho que tudo vê é uma representação de Deus, crença que não é incompatível com a maçonaria;
  • O triângulo traz a noção mística do número três, da trindade, e o olho é Deus observando a criação;
  • A figura que se assemelha a um bode, retrata Baphomet, ídolo pagão comumente confundido com representações cristãs de Satanás.

A maçonaria é uma entidade filantrópica e filosófica que não possui os princípios adotados pelo satanismo.

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