“Por que que na África não morreram milhões e milhões e milhões de pessoas, já que o IDH é lá embaixo, são mais suscetíveis ao ter uma doença qualquer, ela se agravar? Porque usavam a ivermectina para cegueira de rios, usavam a hidroxicloroquina para malária.”
Bolsonaro mais uma vez recorre ao suposto sucesso de países africanos no combate à Covid-19 para defender o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e a ivermectina. De acordo com ele, as duas drogas, usadas para tratar a malária e doenças parasitárias, respectivamente, explicariam as baixas taxas de mortalidade pela infecção provocada pelo novo coronavírus no continente. A declaração, no entanto, é FALSA, porque existem evidências científicas que apontam que as drogas não são eficazes contra a Covid-19. Segundo um grupo de pesquisadores americanos e canadenses em um artigo publicado no site The Conversation, alguns motivos explicam o fato de as taxas de mortalidade terem sido menores na África: a idade geral da população, muito mais baixa do que a registrada em países europeus; a escassez de casas de repouso, que concentraram parte considerável dos óbitos em outros continentes; a possível proteção cruzada da população, já infectada com outros tipos de coronavírus; e a resposta efetiva de autoridades de saúde, que já atuaram para conter surtos como o ebola e o HIV. Outro ponto a se considerar são os baixos índices de testagem, que levam à subnotificação de casos e óbitos.