Em 1.459 dias como presidente, Bolsonaro deu 6.685 declarações falsas ou distorcidas
Esta base agrega todas as declarações de Bolsonaro feitas a partir do dia de sua posse como presidente. As checagens são feitas pela equipe do Aos Fatos semanalmente.
Atualizado em 30 de Dezembro, 2022
Explore as afirmações
“Tanto é que há três anos e quatro meses vocês não têm notícia de invasão de terra.”
É falso que não tenham ocorrido ocupações de terra nos últimos três anos. De acordo com dados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), foram registradas 39 ocupações entre janeiro de 2019 e dezembro de 2021. Considerando dados até meados de setembro deste ano, o número salta para 62. Alguns exemplos são a ocupação de uma propriedade no Rio Grande do Norte por um grupo de 200 famílias em abril de 2022; a mobilização de 50 famílias em uma fazenda em Mirante do Paranapanema (SP) em outubro de 2021 e a fundação do acampamento Retomada Seridó, no Rio Grande do Norte, também em outubro do ano passado. É fato, no entanto, que o número de ocupações caiu drasticamente no governo Bolsonaro. Durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, foram registradas 1.036 e 932 ocupações no primeiro e no segundo mandato, respectivamente. No primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), foram 730. Já em três anos de Michel Temer (MDB), ocorreram 111 ocupações.
“(...) o maior reajuste na história dos professores do Brasil foi do meu governo. 33%.”
O reajuste de 33% citado por Bolsonaro se refere ao piso salarial de professores da educação básica. A lei 11.738, sancionada pelo ex-presidente Lula em 2008, determina que o piso salarial seja corrigido de acordo com o investimento por aluno previsto no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) — portanto, ao conceder o reajuste, Bolsonaro estava cumprindo um dispositivo legal. Em 2020, durante o governo Bolsonaro, as regras do Fundeb foram alteradas para permitir uma maior participação da União na alocação de recursos, além de aumentar para pelo menos 70% os valores investidos no pagamento de profissionais da educação básica. A educação básica é formada por educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, que, segundo a Constituição Federal, são deveres de estados e municípios.
REPETIDA 6 VEZES. Em 2022: 07.out, 15.out, 21.out, 23.out, 30.dez.
“Em 2020, gastamos R$ 720 bilhões [com a Covid-19].”
Bolsonaro mais uma vez exagera ao citar os gastos do governo com medidas de combate à Covid-19 em 2020. De acordo com dados do Tesouro Transparente, plataforma de monitoramento de gastos do governo federal, foi despendida até o mês de dezembro de 2020 uma soma de R$ 524 bilhões com a aquisição de insumos, o auxílio financeiro a estados e municípios, o auxílio emergencial e outros programas de transferência de renda, entre outros. O valor não chega ao citado por Bolsonaro nem se considerarmos os gastos previstos e não executados: esses totalizaram R$ 604,7 bilhões.
REPETIDA 28 VEZES. Em 2021: 15.jun, 05.set, 14.out, 15.out, 08.nov, 25.nov, 11.dez. Em 2022: 14.jan, 03.fev, 08.fev, 09.fev, 11.fev, 18.fev, 25.mar, 14.abr, 16.abr, 24.mai, 23.jun, 25.jul, 27.jul, 09.ago, 13.ago, 18.ago, 05.out, 22.out, 23.out, 27.out.
“Quando eu assumi, deixo claro, cortamos 30 mil cargos em comissão. ”
Foram 159, e não 30 mil, os cargos comissionados cortados quando Bolsonaro assumiu a presidência. O decreto publicado no Diário Oficial da União no dia 12 de março de 2019 eliminou, além de 159 cargos comissionados, 3.492 gratificações e 17.349 funções, segundo o jornal O Globo. As gratificações e funções são pagas a servidores efetivos do governo federal que desempenham papéis além dos aprovados nos concursos públicos — diferente dos cargos comissionados, que implicam na contratação de novos funcionários. Vale lembrar que 31,4% (6.587) dos cargos e adicionais cortados já estavam vagos quando o decreto foi assinado por Jair Bolsonaro.
“O que é secreto nele [orçamento secreto] é o nome. São os nomes dos parlamentares que indicam recursos junto ao relator e o relator apenas notifica o respectivo ministro nosso e ele encaminha esse dinheiro pra estados e municípios.”
Não é apenas o nome da pessoa que indica a verba para a emenda que é escondida no chamado “orçamento secreto”, como afirma Bolsonaro. O destino e os limites do montante também não são transparentes. Esses recursos são controlados pelo relator da lei Orçamentária do ano, que distribui essas emendas pelo Congresso. O apelido “secreto” se dá pela falta de regras e de transparência para o encaminhamento dessas emendas. Ao contrário das demais emendas, a distribuição não é feita de forma igualitária entre os parlamentares e não é possível qual área recebeu o dinheiro, nem qual parlamentar.
“É uma lei [Orçamento Secreto] que foi votada lá no Congresso. Eu vetei a lei e o Congresso derrubou o veto.”
Das três leis orçamentárias enviadas pelo Planalto e votadas no Congresso Nacional, Bolsonaro vetou em apenas uma as emendas de relator-geral (RP-9), apelidadas de “orçamento secreto” porque não exigem identificação dos parlamentares atendidos nem a distribuição equânime dos valores. Esse veto só foi enviado e derrubado na lei orçamentária de 2021. Nas leis de 2020 e 2022, Bolsonaro vetou dispositivos que tornavam as emendas impositivas, ou seja, de execução obrigatória. Na lei orçamentária de 2023, ainda não votada no Congresso, Bolsonaro manteve as emendas de relator-geral, mesmo com os alertas da equipe econômica, revelados pela revista piauí, de que a medida era inconstitucional. Ao contrário das outras emendas, a transparência das RP-9 não é assegurada pela legislação.
REPETIDA 4 VEZES. Em 2022: 28.ago, 01.set, 16.out, 23.out.
“Pra onde ia dinheiro do nosso banco oficial, chamado BNDES? Pra fora. Pra fazer metrô lá na Venezuela, mas não fez em Belo Horizonte.”
Para criticar a atuação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante os governos petistas, Bolsonaro cita a obra do metrô de Caracas, iniciada pela Odebrecht em 2001— durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) — com financiamento inicial de US$ 107,5 milhões obtido do banco. Em comparação, o presidente afirma que Belo Horizonte não teria linha de metrô. Isso, no entanto, é falso. De acordo com a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), a capital mineira possui uma linha de metrô com 19 estações e 28,1 km de extensão.
REPETIDA 20 VEZES. Em 2022: 04.abr, 15.mai, 07.jun, 17.jun, 19.jun, 29.jun, 30.jun, 12.jul, 17.jul, 23.set, 01.out, 07.out, 15.out, 23.out, 26.out, 28.out.
“Você pode ver, quando se fala no auxílio emergencial durante a pandemia, né? A gente gastava por mês R$ 50 bilhões só com o auxílio emergencial.”
O presidente exagera ao mencionar os gastos mensais do governo federal com as parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial, pagas entre abril e setembro de 2020. De acordo com dados do Tesouro Transparente, o auxílio gerou uma despesa média mensal nesse período de R$ 39,3 bilhões.
REPETIDA 6 VEZES. Em 2022: 15.jun, 05.jul, 03.set, 04.out, 22.out.
“Foram gastos, no total, R$ 700 bilhões em 2020.”
Bolsonaro mais uma vez exagera ao citar os gastos do governo com medidas de combate à Covid-19 em 2020. De acordo com dados do Tesouro Transparente, plataforma de monitoramento de gastos do governo federal, foi despendida até o mês de dezembro de 2020 uma soma de R$ 524 bilhões com a aquisição de insumos, o auxílio financeiro a estados e municípios, o auxílio emergencial e outros programas de transferência de renda, entre outros. O valor não chega ao citado por Bolsonaro nem se considerarmos os gastos previstos e não executados: esses totalizaram R$ 604,7 bilhões.
REPETIDA 28 VEZES. Em 2021: 15.jun, 05.set, 14.out, 15.out, 08.nov, 25.nov, 11.dez. Em 2022: 14.jan, 03.fev, 08.fev, 09.fev, 11.fev, 18.fev, 25.mar, 14.abr, 16.abr, 24.mai, 23.jun, 25.jul, 27.jul, 09.ago, 13.ago, 18.ago, 05.out, 22.out, 23.out, 27.out.
“O mundo cresce um pouco mais de cinquenta milhões de habitantes por ano. ”
A fala do presidente é imprecisa, pois a população mundial cresceu, em média, em 83,9 milhões de pessoas por ano de 2014 a 2018, segundo estimativas da ONU. O censo norte-americano, se referindo a 2021, fala em um crescimento populacional de 74 milhões no mundo.
REPETIDA 18 VEZES. Em 2019: 16.mai, 27.jul, 01.ago, 10.dez, 12.dez. Em 2020: 15.jun, 18.jun, 22.jun, 06.nov, 25.nov. Em 2021: 28.jan, 09.set, 09.out, 11.nov. Em 2022: 17.mar, 13.abr, 22.out.
“Quantas invasões de terra tinha do MST no governo do PT e no seu? Eu vou começar um pouquinho mais cedo. Fernando Henrique Cardoso era uma por dia, tá? No governo Lula, vinte por mês. Em nosso governo, cinco por ano.”
O presidente acerta a média de ocupações de terra nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas subestima as registradas em seu governo. Entre 1995 e 2002, gestão de FHC, foram registradas 2.442 ocupações, uma média de 0,8 por dia. Já entre 2003 e 2010, no governo Lula, foram 1.968, ou 20,5 por mês. Por fim, entre 2019 e 2021, três primeiros anos do governo Bolsonaro, foram 39 ocupações, ou 13 por ano.
REPETIDA 5 VEZES. Em 2022: 14.set, 14.out, 22.out, 23.out.
“2020 e 2021 foi criado no Brasil 3 milhões de empregos com pandemia”
Segundo os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, foram geradas 2.771.628 vagas de trabalho no mercado formal em 2021. Em 2020, no entanto, não houve saldo positivo: foram fechados 192.746 postos. Foram criados no total, portanto, 2.578.882 milhões de empregos, um número menor do que o citado por Bolsonaro.
REPETIDA 32 VEZES. Em 2022: 02.jun, 19.jun, 28.jun, 29.jun, 30.jun, 05.jul, 12.jul, 13.jul, 20.jul, 21.jul, 25.jul, 02.ago, 18.ago, 19.ago, 22.ago, 24.ago, 26.ago, 01.set, 13.set, 23.set, 04.out, 05.out, 06.out, 07.out, 19.out, 22.out, 23.out.
“Você pode ver, quando se fala no auxílio emergencial durante a pandemia, né? A gente gastava por mês R$ 50 bilhões só com o auxílio emergencial.”
O presidente exagera ao mencionar os gastos mensais do governo federal com as parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial, pagas entre abril e setembro de 2020. De acordo com dados do Tesouro Transparente, o auxílio gerou uma despesa média mensal nesse período de R$ 39,3 bilhões.
REPETIDA 6 VEZES. Em 2022: 15.jun, 05.jul, 03.set, 04.out, 22.out.
“Foram gastos, no total, R$ 700 bilhões em 2020.”
Bolsonaro mais uma vez exagera ao citar os gastos do governo com medidas de combate à Covid-19 em 2020. De acordo com dados do Tesouro Transparente, plataforma de monitoramento de gastos do governo federal, foi despendida até o mês de dezembro de 2020 uma soma de R$ 524 bilhões com a aquisição de insumos, o auxílio financeiro a estados e municípios, o auxílio emergencial e outros programas de transferência de renda, entre outros. O valor não chega ao citado por Bolsonaro nem se considerarmos os gastos previstos e não executados: esses totalizaram R$ 604,7 bilhões.
REPETIDA 28 VEZES. Em 2021: 15.jun, 05.set, 14.out, 15.out, 08.nov, 25.nov, 11.dez. Em 2022: 14.jan, 03.fev, 08.fev, 09.fev, 11.fev, 18.fev, 25.mar, 14.abr, 16.abr, 24.mai, 23.jun, 25.jul, 27.jul, 09.ago, 13.ago, 18.ago, 05.out, 22.out, 23.out, 27.out.
“O mundo cresce um pouco mais de cinquenta milhões de habitantes por ano. ”
A fala do presidente é imprecisa, pois a população mundial cresceu, em média, em 83,9 milhões de pessoas por ano de 2014 a 2018, segundo estimativas da ONU. O censo norte-americano, se referindo a 2021, fala em um crescimento populacional de 74 milhões no mundo.
REPETIDA 18 VEZES. Em 2019: 16.mai, 27.jul, 01.ago, 10.dez, 12.dez. Em 2020: 15.jun, 18.jun, 22.jun, 06.nov, 25.nov. Em 2021: 28.jan, 09.set, 09.out, 11.nov. Em 2022: 17.mar, 13.abr, 22.out.