Não é verdade que supermercados da rede Walmart nos Estados Unidos, diante de uma suposta ameaça de catástrofe, passaram a vender recentemente kits de alimentos para situações de emergência. Há mais de uma década a rede oferece pacotes com produtos de longa validade. As peças de desinformação difundem uma filmagem com produtos da empresa Augason Farms, que produz kits emergenciais desde a década de 1970, como se fossem uma novidade lançada agora — a “comida para o fim do mundo”.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 3.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (31). As peças enganosas circulam também no TikTok, no Telegram e no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Walmart agora com comida para o fim do mundo (...) Isso aqui é novo. Refeições de emergência (...) Esses baldes aqui. Almoço e janta… Tudo para você estocar… Isso é bizarro gente. É totalmente novo isso aqui para a gente
Posts nas redes enganam ao fazer crer que a venda de alimentos e suprimentos de emergência nos Estados Unidos pela rede varejista Walmart tenha iniciado neste ano e que seja um indício de um evento catastrófico iminente. Alimentos e refeições de longa validade são vendidos em lojas físicas do Walmart nos Estados Unidos há mais de uma década, como mostra um vídeo localizado pelo Aos Fatos, que foi publicado no YouTube em 2013 (confira abaixo):
Na filmagem compartilhada pelas peças de desinformação são exibidos baldes e embalagens de refeições e alimentos da empresa Augason Farms, que produz alimentos projetados para armazenamento de longo prazo desde 1972. A companhia também produz comida para acampamento e kits emergenciais em caso de desastres naturais, como terremotos.
O mercado de alimentos para emergências cresce anualmente nos Estados Unidos, e o setor deve faturar cerca de US$ 3 bilhões (R$ 14,8 bilhões pela cotação atual) até 2026, segundo a empresa de análise de mercado Technavio. O crescimento tem sido atribuído a mudanças alimentares dos americanos geradas pela maior participação de mulheres no mercado de trabalho e ao consumo de comida pronta pela população mais jovem.
Os alimentos de longa duração costumam ser adquiridos por americanos que têm receio de perder o emprego de maneira inesperada, em situação de insegurança alimentar, e em tempos de alta inflação. Há também aqueles que se preparam para um eventual cenário apocalíptico. O próprio governo dos Estados Unidos disponibiliza guias de como agir em caso de desastres, e o que incluir na alimentação.