Não é verdade que voluntários de Lajeado, município atingido pelos eventos climáticos recentes no Rio Grande do Sul, tenham sido impedidos de distribuir doações para as pessoas atingidas pelas enchentes até a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com a autora da alegação falsa, uma mulher que se apresenta como voluntária, o objetivo seria aguardar o presidente para a produção de fotos e vídeos. Em nota, a Prefeitura de Lajeado negou que a distribuição de doações tenha sido interrompida e que haja previsão de visita do presidente à região.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam mais de 51 mil curtidas no Instagram até a tarde desta segunda-feira (11) e ao menos 2.000 compartilhamentos no Facebook. A peça de desinformação também circula no TikTok e no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Gravíssimo: Centro de arrecadação e distribuição de Lageado (sic) (RS) não poderá fazer doações de alimentos para as vítimas das enchentes enquanto Lula não chegar na região para fazer fotos, videos e publicações junto às doações.
Em vídeo que circula nas redes, uma mulher não identificada mente ao afirmar que o município de Lajeado teria interrompido a distribuição das doações recebidas para ajudar as vítimas da enchente até a volta do presidente Lula ao Brasil. De acordo com a autora, que se identifica como presidente de uma organização de defesa dos animais, um dos centros de acolhimento e distribuição da cidade teria recebido ordens para paralisar os trabalhos até que o presidente voltasse da Cúpula do G20 para produzir “foto, vídeo e publicação em cima das doações”, o que não é verdade.
Em nota ao Aos Fatos, a Prefeitura de Lajeado negou qualquer ordem de paralisação e afirmou que segue recebendo e distribuindo doações para pessoas cadastradas. Ainda de acordo com a administração, não há qualquer previsão de visita do presidente Lula à região. O município também se pronunciou oficialmente sobre o caso nas redes.
Desde o início da semana passada, o Rio Grande do Sul tem sofrido com fortes chuvas, que provocaram enchentes e deslizamentos em diversas regiões. Ao menos 13 municípios tiveram estado de calamidade pública reconhecido pelo governo do estado. No último boletim divulgado pela Defesa Civil estadual, foram contabilizadas 46 mortos e 4.794 desabrigados.
Presidente em exercício desde o fim da semana passada, quando Lula foi à Índia participar da Cúpula do G20, Geraldo Alckmin (PSB) viajou ao Rio Grande do Sul no último domingo (10) acompanhado de oito ministros. Ele prometeu o envio de R$ 741 milhões em recursos para o estado.