Publicações nas redes enganam ao compartilhar a bula da vacina bivalente da Pfizer, que não recomenda a aplicação em menores de 12 anos, como se fosse da versão pediátrica, aplicada em crianças entre 6 meses e 4 anos e 11 meses, e que desde segunda-feira (1°) passou a integrar o PNI (Programa Nacional de Imunizações). O imunizante para essa faixa etária é monovalente e possui uma dosagem menor do que a aplicada em outras faixas etárias de crianças, adolescentes e adultos.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 25 mil visualizações no Telegram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (2).
Bula da Pfizer: "Não se recomenda sua utilização em crianças menores de 12 anos." “O Ministério da Saúde anunciou uma mudança no esquema de vacinação contra a Covid, nesta segunda-feira, 1º, visando proteger ainda mais as crianças. Agora, o imunizante contra a doença será incluído no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de seis meses a quatro anos e 11 meses.
A bula da vacina bivalente da Pfizer, que protege contra a cepa original e as sublinhagens BA.4/BA.5 da variante Ômicron do vírus Sars-Cov-2, tem circulado nas redes como se fosse a do imunizante da farmacêutica que foi incluída a partir desta segunda-feira (1º) no PNI, e que será aplicada em crianças entre 6 meses e 4 anos e 11 meses. A bula correta, que está disponível no site da Pfizer e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mostra que o imunizante a ser a aplicado nessa faixa etária possui características e dosagem diferentes:
- O imunizante é monovalente — ou seja, a proteção é focada na cepa original do vírus Sars-Cov-2;
- A tampa do frasco do imunizante destinada a essa faixa etária é da cor vinho, em vez da tampa cinza, que é da vacina bivalente;
- A dosagem é de 3 mcg em vez de 30 mcg, que é aplicada em pessoas com idade superior a 12 anos, tanto na versão monovalente como na bivalente.
A inclusão de crianças com mais de 6 meses e menos de 5 anos no PNI foi anunciada no dia 31 de outubro de 2023 e passou a valer desde o dia 1º de janeiro de 2024. A recomendação do Ministério da Saúde é aplicar a primeira dose da vacina aos seis meses de idade, a segunda aos sete meses e a terceira aos nove meses. O intervalo recomendado é de quatro semanas entre a primeira e a segunda doses e oito semanas entre a segunda e a terceira doses. Não há previsão de doses de reforço.
Em dezembro, a Anvisa aprovou uma atualização da monovalente para a variante XBB 1.15 que também pode ser utilizada em crianças dessa mesma faixa etária.
A criança com menos de 5 anos que tomou as três doses recomendadas do imunizante em 2023 não vai precisar repetir doses neste ano. A partir desta idade, apenas as crianças que integram os grupos prioritários, como imunocomprometidos, com comorbidades e deficiência permanente, é que receberão uma dose de reforço.
Na bula da vacina bivalente consta que o imunizante, de fato, não é recomendado para crianças com menos de 12 anos. Em julho de 2023, no entanto, a Anvisa liberou o uso da bivalente em crianças com mais de 5 anos somente como dose de reforço — ou seja, para aquelas que já tinham sido vacinadas contra a doença.
O Ministério da Saúde informou que a vacina da Pfizer é segura e eficaz, que realiza o monitoramento da segurança de forma contínua, e que ESAVIs (Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização) são notificados e investigados. “Diante deste cenário, e considerando o elevado risco de morbimortalidade pediátrica por covid-19, o benefício das vacinas contra a doença supera, e muito, o risco da não vacinação”, afirmou a pasta.