“O período pré-1964 também [tinha risco do Brasil se tornar socialista].”
Não havia riscos de o Brasil se tornar um país comunista no período pré-1964. Os partidos de esquerda que foram extintos durante a ditadura de Vargas ainda estavam se restruturando e não havia um movimento comunista organizado com capilaridade para depor o governo, segundo o historiador John W. F. Dulles. O golpe civil-militar de abril de 1964 foi resultado de um período de grande instabilidade econômica e política, como destacam os historiadores Ângela Gomes e Jorge Ferreira, no livro 1964: o golpe que derrubou um presidente. O presidente João Goulart assumiu inicialmente como chefe dentro de um regime parlamentarista e, só em 1963, se tornou presidente com plenos poderes. Goulart teve dificuldades de negociar com os partidos políticos, de controlar a economia (e, mesmo assim, abandona o plano de austeridade do governo) e de gerenciar a crise entre baixa e alta patente no Exército. Revoltas de militares, a tentativa fracassada de instaurar estado de sítio e manifestações de ruas aumentaram a instabilidade do governo. Além disso, para a maior parte dos apoiadores do golpe, a ascensão dos militares ao poder duraria pouco mais de um ano. Eleito indiretamente, o presidente Castelo Branco no discurso de posse se comprometeu em entregar a faixa presidencial em 1º de janeiro de 1966 ao novo presidente eleito por voto direto. Castelo Branco descumpriu a promessa, fechou o Congresso Nacional e o regime militar no Brasil durou 21 anos.