“Vejam a experiência da França, cujas fronteiras foram abertas para receber refugiados sem nenhum tipo de seleção ou de filtro.”
Ao contrário do que afirma Bolsonaro, a França tem uma rígida política de imigração e, ao longo da crise migratória de 2016, usou a força policial para desmontar acampamentos de imigrantes. De acordo com o Immigration Policies in Comparison, que analisa as políticas migratórias dos países para avaliar seu grau de restrição, a França tem 0,7 numa escala que varia de 0 (menos restritivo) a 1 (mais restritivo). O estudo, no entanto, não leva em conta a nova lei de migração francesa, aprovada em setembro de 2018, que amplia o controle sobre o fluxo de estrangeiros.A lei, que passou a valer a partir de janeiro deste ano, estabelece critérios mais rigorosos para a concessão de asilo e restrições em relação à imigração irregular. Ela, por exemplo, reduziu de 11 para seis meses o tempo de avaliação de pedidos de asilo e também diminuiu de 120 para 90 dias o prazo para requerer asilo. A nova legislação permite ainda a prisão para fins de expulsão: um imigrante que teve asilo negado pode ficar até 90 dias preso antes de ser expulso da França. Durante o auge da crise migratória na Europa, a França viu nascer um acampamento improvisado em Calais. Lá, milhares de imigrantes indocumentados aguardavam uma chance de atravessar o Canal da Mancha em direção ao Reino Unido. As condições de vida eram precárias e o acampamento, que ficou conhecido como "Selva", foi desmantelado em 2016, após sucessivos episódios de violência entre a imigrantes e as forças policiais. Dados da OIM (Organização Internacional de Migração), apontam que cerca de 7,9 milhões de imigrantes vivem hoje na França, o que corresponde a pouco mais de 11% da população do país. Desses, cerca de 370 mil são refugiados. Para se ter uma ideia, no Brasil, a população proporcional de estrangeiros que vivem no país é de menos de 1%.