“- Reconheço a seriedade do momento e o temor de muitos brasileiros ante à ameaça do coronavírus.”
Apesar de dizer que reconhece a seriedade do momento no Brasil e no mundo em razão da pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro minimizou em diversos momentos anteriores o impacto do vírus na saúde pública brasileira e menosprezou recomendações de autoridades como a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o próprio Ministério da Saúde. Por isso, a declaração é CONTRADITÓRIA. Em entrevista coletiva no dia 20 de março, Bolsonaro classificou a Covid-19 como uma “gripezinha”. No dia seguinte, ele refutou a afirmação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que haveria um colapso no sistema de saúde brasileiro e manteve seu discurso de que a doença era inofensiva. “E pode ter certeza que para 60% dos brasileiros não será nem uma gripezinha, não será nada, nem tomarão conhecimento.” Em outras ocasiões, Bolsonaro já havia afirmado que a doença, que vitimou até agora cerca de 14 mil pessoas no mundo, seria menos mortal que alguns surtos de gripe. Dados mostram, no entanto, que o coronavírus é mais letal do que a gripe H1N1, cujo surto global ocorreu em 2009. À época, houve 300 mortos associados aos 77 mil primeiros casos, o que leva a uma taxa de mortalidade de 0,4%. Mais tarde, essa taxa se concretizou em números mais baixos, que variavam de 0,01% a 0,08%. No caso da Covid-19, essa taxa de mortalidade gira em torno de 1% até o momento. As ações de Bolsonaro ao longo das últimas semanas também contradizem a sua fala de que reconhece a seriedade da pandemia. No dia 15 de março, por exemplo, quando o Ministério da Saúde já havia recomendado o isolamento social para evitar a disseminação do vírus, o presidente apareceu à porta do Palácio do Planalto para cumprimentar apoiadores, que participavam de um ato pró-governo naquele dia. A estimativa é que Bolsonaro tenha mantido contato com cerca de 270 pessoas na ocasião.
REPETIDA 6 VEZES. Em 2020: 21.mar, 16.abr, 13.mai, 19.mai, 15.jul.