“Que eu sabia, muita gente sabia também, que o vírus era mortal e ia levar gente nossa querida embora (...)”
Ao afirmar que sabia sobre a gravidade da Covid-19, o presidente contradiz diversas declarações e posicionamentos que adotou desde o início do surto da doença, em março de 2020. No dia 9 de março daquele ano, por exemplo, dias antes de a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar situação de pandemia, Bolsonaro afirmou em discurso nos EUA que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo superdimensionado, talvez "por questões econômicas". Dias depois, o presidente afirmou que "outras gripes mataram mais do que essa". Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV no dia 24 daquele mesmo mês, ele voltou a comparar a doença a uma "gripezinha" e disse que, caso contaminado, não precisaria se preocupar, devido ao seu "histórico de atleta". Sua previsão, disse ele em entrevista ainda em março, era que a doença não deveria causar mais mortes do que o surto de H1N1, que, segundo ele, teria vitimado 800 pessoas. Ao longo dos dois anos seguintes de pandemia, a despeito do aumento no número de casos e mortes no Brasil e no mundo, o presidente continuou sustentou o discurso de minimizar a gravidade da doença e combater medidas de proteção: em novembro de 2020, por exemplo, afirmou que o Brasil deveria deixar de ser um "país de maricas". Em março do ano seguinte, chamou o isolamento social, uma das únicas formas de evitar a doença, de "frescura" e "mimimi". Além de estimular a população a desrespeitar medidas de restrição e isolamento, o presidente também defendeu remédios sem comprovação científica e atacou as vacinas.