“Você pega, por exemplo, o decreto conhecido como PNDH-3, Plano Nacional de Direitos Humanos terceira versão, de 2010. Você sabe quem era o presidente naquela época. Cento e oitenta itens. Um dos itens: desconstrução da heteronormatividade. A outra: ideologia de gênero. Oh, meu Deus do céu. Alguém quer que o filho dele de seis anos de idade vá ser sexualizado nas escolas? ”
Bolsonaro frequentemente associa políticas educacionais e de Direitos Humanos adotadas pelo PT com a "ideologia de gênero", termo usado desde o final dos anos 1990 para criticar discussões relacionadas a gênero e sexualidade. Segundo setores conservadores, essa suposta ideologia faria parte de um plano para minar os conceitos de heterossexualidade e família cristã. No Brasil, a teoria ganhou notoriedade à época do projeto Escola sem Homofobia, que tinha por objetivo promover a aceitação e a diversidade sexual entre adolescentes do ensino médio. Intensamente combatido por setores religiosos e conservadores, o projeto não foi adiante, mas a narrativa enganosa de que as gestões petistas incentivaram a sexualização precoce em crianças se perpetuou. A teoria da "ideologia de gênero", no entanto, não existe, e não há políticas públicas relacionadas a ela no Brasil. O PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos 3, lançado em 2009), ao qual o presidente se refere, estabelece diretrizes para a promoção de igualdade e direitos humanos para grupos minoritários, entre eles a comunidade LGBTQIA+. Não há no documento qualquer menção ao termo "ideologia de gênero", mas há um item relacionado à “desconstrução da heteronormatividade”. Em sua página 98, o plano lista como um de seus objetivos "reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade".
REPETIDA 7 VEZES. Em 2022: 13.jul, 24.jul, 08.ago, 01.set, 15.set, 19.out.