“Então você é tecnicamente autorizado a tomar uma vacina experimental, o que era o caso na época, mas não o spray nasal?”
Bolsonaro retoma um argumento falso de que as vacinas contra a Covid-19 que começaram a ser utilizadas em 2021 teriam sido aprovadas mesmo ainda sendo experimentais. Os quatro imunizantes aplicados na época (CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen) foram submetidos às três fases de testes, incluindo a etapa de estudos clínicos em humanos, e tiveram seus dados de eficácia e segurança escrutinados e validados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O termo “experimental” havia sido incluído no relatório técnico da Anvisa que validou, em janeiro de 2021, o uso dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca antes de ser concluída a fase 3 dos dois estudos. Porém, essas etapas já haviam sido encerradas. As vacinas AstraZeneca e Pfizer tinham registros definitivos na Anvisa. A CoronaVac e a Janssen possuía aprovação para uso emergencial — o que não significa que elas fossem “vacinas experimentais”. A CoronaVac, por exemplo, passou por estudos clínicos de fases 1, 2 e 3, que atestaram a segurança, a resposta imunológica e a eficácia do imunizante — e que basearam a decisão unânime da Anvisa em janeiro deste ano. Além disso, estudos envolvendo a aplicação em larga escala do imunizante, em Serrana (SP) e no Chile, apontaram que a CoronaVac foi capaz de reduzir a circulação do vírus. No caso do país latino-americano, um estudo que acompanhou 10,2 milhões de pessoas imunizadas com as duas doses, entre 2 de fevereiro e 1º de maio deste ano, mostrou uma eficácia de 65,9% contra casos sintomáticos; 87,5% em evitar hospitalizações; 90,3% em evitar internações em UTI, e de 86,3%. No caso da Janssen, a eficácia do imunizante varia entre 81,6% e 87,6% para casos graves de Covid-19, de acordo com a documentação enviada pelo laboratório à Anvisa. Já o spray nasal citado por Bolsonaro sequer havia concluído a segunda fase de testes em 2021. Até o momento, não há informações sobre a finalização dos testes clínicos do medicamento.
REPETIDA 2 VEZES. Em 2022: 30.jun, 05.jul.