🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Youtuber engana ao atribuir autoria de declarações de irmãs de Adriano da Nóbrega

Por Luiz Fernando Menezes

8 de abril de 2022, 18h04

Uma publicação da youtuber Bárbara Destefani, do canal Te Atualizei, distorce e omite informações ao atribuir a uma irmã de Adriano de Nóbrega uma declaração dada pela outra irmã do ex-PM, morto em 2020 na Bahia (veja aqui). Foi Daniela da Nóbrega quem afirmou que o governo Bolsonaro teria trocado cargos pela execução do ex-policial, não Tatiana, que acusou o ex-governador do Rio Wilson Witzel (PSC) da morte e elogiou o presidente. As falas de ambas constam em escutas feitas pela polícia em 2020.

A alegação da youtuber, que conclui falsamente que a imprensa desinformou sobre o caso, reunia nesta sexta-feira (8) ao menos 47 mil interações no Instagram, 10 mil curtidas no Twitter e centenas de compartilhamentos no Facebook.


Selo distorcido

A mídia noticia em todas as manchetes que Bolsonaro, segundo a irmã, estaria por trás da morte de Adriano da Nóbrega. Aí você abre a matéria e a irmã está elogiando o Bolsonaro e culpando o Witzel. Todos os políticos replicando essa desinformação vinda da mídia! INACREDITÁVEL.

Trechos da reportagem sobre Adriano da Nóbrega citam irmãs diferentes do ex-PM

A youtuber bolsonarista Bárbara Destefani engana ao citar uma fala elogiosa ao presidente Jair Bolsonaro (PL) de Tatiana, irmã de Adriano da Nóbrega, para desacreditar uma notícia sobre o áudio em que Daniela da Nóbrega, a outra irmã dele, acusa o Palácio do Planalto de ter oferecido cargos em troca da morte do ex-policial.

A postagem da youtuber mostra trechos de uma reportagem do portal iG sobre o caso, mas omite os parágrafos iniciais da notícia, que dizem:

“Uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Civil mostra a irmã do ex-policial militar Adriano da Nóbrega acusando o governo Bolsonaro de oferecer cargos comissionados para que o ex-capitão fosse morto. Acusado de comandar a maior milícia do Rio de Janeiro e de ter envolvimento no esquema das ‘rachadinhas’ no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-PM fugiu por dois anos, até ser encontrado e executado no dia 9 de fevereiro de 2020. durante uma operação policial na Bahia.

A conversa, obtida pela Folha de S. Paulo, se deu dois dias após a morte de Adriano. No áudio, Daniela Magalhães da Nóbrega diz a uma tia que soube de uma reunião no Palácio do Planalto em que manifestaram o desejo de que o ex-PM se tornasse um ‘arquivo morto’”.

Já a irmã que defende a atuação do presidente em outros áudios divulgados pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (6) se chama Tatiana — o sobrenome não aparece na reportagem. Ela afirma que o ex-governador do Rio Wilson Witzel (PSC) teria ordenado a execução, de acordo com as reproduções publicadas pelo jornal paulista:

“Ele [Bolsonaro] foi nos jornais e colocou a cara. Ele falou: ‘Eu estou tomando as devidas providências para que seja feita uma nova perícia no corpo do Adriano’. Porque ele só se dirige a ele como Adriano, capitão Adriano."

"Foi esse safado do Witzel, que disse que se pegasse era para matar. Foi ele."

A gravação divulgada pela Folha foi feita em fevereiro de 2020 pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e faz parte de uma escuta realizada no âmbito da investigação sobre a morte de Adriano, acusado de chefiar uma das maiores milícias na capital carioca. Ele foi morto em fevereiro de 2020 na zona rural de Esplanada, na Bahia.

Por email, Bárbara Destefani afirmou ao Aos Fatos: "Olá ministério da verdade, acredito que tenha sim ficado dúbio, deveria ter me atentado de especificar que se tratam de duas irmãs. Acho que a matéria poderia ter colocado que uma irmã acusa o governo e a outra acusa o Witzel. Também achei tendenciosa a forma como foi divulgado pela grande mídia na tentativa óbvia de atacar o governo. Mas dessa vez é minha hora de emitir um ERRAMOS. Irei fazer um post fazendo o reparo, pois assim como vocês ERRARAM, acontece as vezes com a gente também".

Referências:

1. IG
2. Folha de S.Paulo (1 e 2)
3. Twitter (@folha)
4. G1


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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