YouTube foi plataforma que mais ajudou a espalhar mentiras no WhatsApp em 2022

Compartilhe

Análise do Radar Aos Fatos mostra que o YouTube foi a plataforma que mais levou desinformação a grupos de WhatsApp em 2022.

  • Em média, cerca de 1.350 links de YouTube foram compartilhados por dia, durante todo o ano, em 253 grupos públicos de política no WhatsApp;
  • Entre 1º de janeiro e 20 de dezembro, 154 mil links da plataforma circularam mais de 483 mil vezes nas comunidades monitoradas;
  • O Facebook, que ocupa o segundo lugar, somou menos da metade desse alcance, com links encaminhados 137 mil vezes.

O Radar Aos Fatos analisou os dez vídeos de YouTube mais compartilhados: todos contêm alegações falsas ou mentirosas. Juntos, eles foram compartilhados 6.720 vezes no WhatsApp e somaram mais de 65 milhões de visualizações na plataforma de origem.

Top 10 da mentira. O vídeo mais popular nos grupos monitorados, com 2.031 encaminhamentos, foi uma edição do Pingos Nos Is, da Jovem Pan, com trechos da entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) a outro programa da emissora. Na ocasião, o então candidato à reeleição exagerou a redução de invasões de terra em seu governo para defender o armamento da população.

Links para outras quatro entrevistas concedidas pelo presidente entre as vésperas e o fim da campanha eleitoral também estiveram entre os conteúdos de YouTube mais compartilhados no WhatsApp. O vídeo do podcast Inteligência Ltda. de 20 de outubro, em que ele repetiu a falsa teoria da ideologia de gênero e mentiu sobre suas nomeações a ministérios, foi compartilhado 793 vezes.

Além das entrevistas, uma live realizada pela campanha de Bolsonaro uma semana antes do segundo turno das eleições, que contou com a presença do jogador Neymar, ficou entre os conteúdos mais populares, com 744 encaminhamentos.

Apenas 2 dos 10 vídeos mais compartilhados não são do período de pré-campanha ou campanha eleitoral. Um post do youtuber e deputado eleito Gustavo Gayer (PL-GO), de 8 de fevereiro deste ano, que trazia um suposto áudio vazado de um ex-deputado do PT com acusações sem provas contra o partido, entre elas de fraude eleitoral, foi encaminhado 400 vezes durante o ano.

Imagem mostra post enganoso do deputado eleito Gustavo Gayer (PL-GO) sobre supostos “planos macabros do PT”

O vídeo foi deletado pelo usuário, segundo o YouTube.

Ainda mais antiga, uma publicação de setembro de 2020, que faz ataques contra Lula e o PT e mente sobre Bolsonaro ter acabado com a corrupção no país, somou 538 encaminhamentos nos grupos de política analisados. O vídeo mostra imagens de obras e de políticos com uma narração em inglês na voz de uma criança e legendas em português e foi compartilhado acompanhado de corrente que dizia que o vídeo seria exibido “em todas as televisões da Europa”.

Também em inglês, dois vídeos estrangeiros — um do comentarista de extrema-direita Tucker Carlson, da Fox News, e outro da emissora hiperpartidária britânica Sky News — estiveram entre os mais compartilhados em grupos de política no WhatsApp monitorados pelo Radar. Ambos levantam falsas suspeitas de fraude nas eleições brasileiras e foram encaminhados em correntes com links para a cobertura de portais internacionais sobre as eleições no Brasil.

“Não mais olhem para as notícias a partir de fontes locais, olhem as notícias de fontes internacionais. Imprescindível para nos afastarmos da atual censura do TSE e de reportagens recortes, enviesadas”, diz uma mensagem encaminhada mais de 100 vezes.

Outro lado. “Analisamos os vídeos denunciados e não identificamos violações”, disse o YouTube em nota. A empresa informou ainda que possui “analistas especializados” que identificam “potenciais tendências de violação (…) e os riscos que elas representam”. Leia a íntegra das respostas.


Este texto foi atualizado às 14h30 do dia 26 de dezembro de 2022 para incluir a resposta do Youtube.

Compartilhe

Leia também

Como ver menos conteúdos sobre política no Instagram

Como ver menos conteúdos sobre política no Instagram

Como não errar ao investigar dados sobre atividade parlamentar

Como não errar ao investigar dados sobre atividade parlamentar

Imigrantes nos Estados Unidos recebem anúncios de falsas vagas de emprego no Instagram

Imigrantes nos Estados Unidos recebem anúncios de falsas vagas de emprego no Instagram