🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

YouTube foi plataforma que mais ajudou a espalhar mentiras no WhatsApp em 2022

Por Ethel Rudnitzki e João Barbosa

26 de dezembro de 2022, 12h26

Análise do Radar Aos Fatos mostra que o YouTube foi a plataforma que mais levou desinformação a grupos de WhatsApp em 2022.

  • Em média, cerca de 1.350 links de YouTube foram compartilhados por dia, durante todo o ano, em 253 grupos públicos de política no WhatsApp;
  • Entre 1º de janeiro e 20 de dezembro, 154 mil links da plataforma circularam mais de 483 mil vezes nas comunidades monitoradas;
  • O Facebook, que ocupa o segundo lugar, somou menos da metade desse alcance, com links encaminhados 137 mil vezes.

O Radar Aos Fatos analisou os dez vídeos de YouTube mais compartilhados: todos contêm alegações falsas ou mentirosas. Juntos, eles foram compartilhados 6.720 vezes no WhatsApp e somaram mais de 65 milhões de visualizações na plataforma de origem.

Top 10 da mentira. O vídeo mais popular nos grupos monitorados, com 2.031 encaminhamentos, foi uma edição do Pingos Nos Is, da Jovem Pan, com trechos da entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) a outro programa da emissora. Na ocasião, o então candidato à reeleição exagerou a redução de invasões de terra em seu governo para defender o armamento da população.

Links para outras quatro entrevistas concedidas pelo presidente entre as vésperas e o fim da campanha eleitoral também estiveram entre os conteúdos de YouTube mais compartilhados no WhatsApp. O vídeo do podcast Inteligência Ltda. de 20 de outubro, em que ele repetiu a falsa teoria da ideologia de gênero e mentiu sobre suas nomeações a ministérios, foi compartilhado 793 vezes.

Além das entrevistas, uma live realizada pela campanha de Bolsonaro uma semana antes do segundo turno das eleições, que contou com a presença do jogador Neymar, ficou entre os conteúdos mais populares, com 744 encaminhamentos.

Apenas 2 dos 10 vídeos mais compartilhados não são do período de pré-campanha ou campanha eleitoral. Um post do youtuber e deputado eleito Gustavo Gayer (PL-GO), de 8 de fevereiro deste ano, que trazia um suposto áudio vazado de um ex-deputado do PT com acusações sem provas contra o partido, entre elas de fraude eleitoral, foi encaminhado 400 vezes durante o ano.

Imagem mostra post enganoso do deputado eleito Gustavo Gayer (PL-GO) sobre supostos “planos macabros do PT”

O vídeo foi deletado pelo usuário, segundo o YouTube.

Ainda mais antiga, uma publicação de setembro de 2020, que faz ataques contra Lula e o PT e mente sobre Bolsonaro ter acabado com a corrupção no país, somou 538 encaminhamentos nos grupos de política analisados. O vídeo mostra imagens de obras e de políticos com uma narração em inglês na voz de uma criança e legendas em português e foi compartilhado acompanhado de corrente que dizia que o vídeo seria exibido “em todas as televisões da Europa”.

Também em inglês, dois vídeos estrangeiros — um do comentarista de extrema-direita Tucker Carlson, da Fox News, e outro da emissora hiperpartidária britânica Sky News — estiveram entre os mais compartilhados em grupos de política no WhatsApp monitorados pelo Radar. Ambos levantam falsas suspeitas de fraude nas eleições brasileiras e foram encaminhados em correntes com links para a cobertura de portais internacionais sobre as eleições no Brasil.

“Não mais olhem para as notícias a partir de fontes locais, olhem as notícias de fontes internacionais. Imprescindível para nos afastarmos da atual censura do TSE e de reportagens recortes, enviesadas”, diz uma mensagem encaminhada mais de 100 vezes.

Outro lado. “Analisamos os vídeos denunciados e não identificamos violações”, disse o YouTube em nota. A empresa informou ainda que possui “analistas especializados” que identificam “potenciais tendências de violação (…) e os riscos que elas representam”. Leia a íntegra das respostas.


Este texto foi atualizado às 14h30 do dia 26 de dezembro de 2022 para incluir a resposta do Youtube.

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

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