Não é verdade que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara tenha aprovado recentemente um projeto que institui o voto impresso no Brasil, como alegam publicações nas redes sociais (veja aqui). O placar de votação mencionado, de 33 votos a favor e cinco contrários, foi registrado em uma sessão de dezembro de 2019. A proposta, porém, não avançou na Casa e foi considerada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no ano passado.
As postagens checadas ganharam força nas redes sociais após a atual presidente da CCJ, deputada Bia Kicis (PSL-DF), realizar na quarta-feira (7) uma transmissão ao vivo em defesa da impressão de um recibo do voto depositado na urna. No Facebook, o conteúdo enganoso reunia ao menos 21.450 compartilhamentos nesta quinta-feira (8) e foi sinalizado como desinformação na ferramenta de verificação da plataforma (saiba como funciona).
Toma Barroso!!! Enfim uma notícia boa: voto impresso aprovado na CCJ. 33x5
Foi em dezembro de 2019, não recentemente, que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados aprovou por 33 votos a cinco a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 135/2019, que prevê a impressão de um recibo do voto depositado na urna. Na época, o colegiado era presidido pelo deputado Felipe Francischini (PSL-PR).
Após a aprovação, a PEC deveria seguir para análise de uma comissão especial na Câmara, mas até hoje isso não se concretizou. Em março deste ano, o presidente Jair Bolsonaro solicitou ao presidente da Casa, Arthur Lira, a instalação do colegiado para apreciar o texto.
Judiciário. Em setembro de 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou inconstitucional a impressão de comprovantes de voto ao analisar a minirreforma eleitoral aprovada em 2015 pelo Congresso Nacional.
À época, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e contrário à medida, ressaltou que as urnas eletrônicas não apresentam indícios de fraude. Em junho de 2018, a corte já havia barrado provisoriamente a regra por entender que ela coloca em risco o sigilo e a liberdade do voto, contrariando a Constituição.
Na noite desta quarta-feira (7), a deputada Bia Kicis (PSL-DF) fez uma live para defender a impressão de votos em que repetiu argumentos já desmentidos sobre supostas brechas que permitiriam fraudes no sistema eletrônico de votação. Além de as urnas contarem com mecanismos de segurança, é possível fazer recontagem de votos sem identificar o eleitor.
Esta peça de desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.