Não é verdade que um vídeo mostra o protesto de servidores públicos contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como alegam publicações nas redes. Na verdade, as gravações são de uma manifestação dos servidores estaduais de Minas Gerais contra privatizações e a proposta do governador Romeu Zema (Novo) de adesão ao regime de recuperação fiscal.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulava 11 mil compartilhamentos no Facebook e ao menos 450 mil visualizações no TikTok até a tarde desta sexta-feira (1º).
Essa luta é de vocês. Essa luta é de quem fez o L. (..) Essa luta é de vocês, e não mais dos patriotas que ficavam lá acampados para que esse desgoverno não ocupasse um lugar de poder a qual sabíamos que tudo isso ia acontecer.
O vídeo de uma manifestação de servidores estaduais contra o governo de Minas Gerais tem sido difundido nas redes como se mostrasse um protesto contra Lula. O Aos Fatos encontrou a gravação original, compartilhada pelo Sindepominas (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de MG) no Instagram. O ato aconteceu na última terça-feira (29), em Belo Horizonte, como protesto à adesão do estado de Minas Gerais ao regime de recuperação fiscal. A proposta foi apresentada pelo governador Romeu Zema, aliado de Jair Bolsonaro (PL).
Instituído em 2017 pelo governo federal, o regime de recuperação fiscal é uma forma de auxílio aos estados em caso de desequilíbrio nas contas públicas. Aderindo ao regime, o estado recebe melhores condições para pagar dívidas com a União. Em contrapartida, a concessão de benefícios fiscais e reajustes salariais para servidores públicos estaduais são impedidas.
Além das críticas ao RRF, o protesto também mirou a proposta de emenda à Constituição que facilita o processo de privatização de empresas estatais, encaminhada por Zema à Assembleia Legislativa de Minas Gerais no dia 21 de agosto. A PEC propõe o fim da exigência constitucional de referendo popular e do quórum de 3/5 dos parlamentares para a venda de estatais, e é vista por Zema como um passo fundamental para a privatização da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).