É falso que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) gravou imagens que simulam violência policial para incriminar a PM (Polícia Militar) do Pará na comunidade internacional. O vídeo que circula com essa alegação mostra uma peça teatral sobre o massacre de Eldorado dos Carajás, que vitimou 21 membros do MST em 1996, encenada em um acampamento do movimento na segunda-feira (17).
Vídeos que compartilham as imagens fora de contexto acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook na tarde desta quinta-feira (20). O conteúdo também circula no Telegram e no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
MST encenando fakes de agressão por policiais no Pará. Vão passar isso mundo a fora, sofreremos sanções se não nos unirmos mobilizando mídia para falar bem do agro.
Um vídeo que mostra cenas da peça “Antígona na Amazônia”, do diretor suíço Milo Rau, têm sido compartilhadas fora de contexto nas redes para sugerir que o MST teria gravado cenas falsas de violência policial para difundir no exterior como se fossem verdadeiras. A encenação que aparece no vídeo foi registrada na segunda-feira (17) no Pará e reconstitui o massacre de Eldorado dos Carajás, que resultou na morte de 21 trabalhadores rurais em abril de 1996.
As cenas foram registradas no acampamento pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira, em Eldorado dos Carajás (PA). A montagem do diretor suíço se baseia na tragédia grega escrita por Sófocles para contar a história do massacre perpetrado pela Polícia Militar do Pará contra integrantes do MST. A data de estreia da peça, 17 de abril, marca os 27 anos do caso.
As mesmas imagens foram gravadas de ângulos diferentes e divulgadas pela AFP Portugal e por um representante da UNMP (União Nacional de Moradia Popular).
Em 17 de abril de 1996, uma operação ordenada pelo governo do Pará e executada pela Polícia Militar para desobstruir a rodovia PA-150, que havia sido interditada por uma manifestação de integrantes do MST, resultou na morte de 21 trabalhadores rurais. Dezenove mortes ocorreram na chamada “curva do S”, local que hoje conta com um memorial. A data do massacre se tornou o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.