Mulher que aparece em vídeo não morreu após tomar Coca-Cola com metanol

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Não é verdade que um vídeo mostra uma mulher que morreu após consumir Coca-Cola contaminada com metanol. O secretário de Saúde de Santa Luzia (MA) — município onde foi feita a gravação — afirmou ao Aos Fatos que o motivo do óbito foi uma overdose por consumo de drogas. Até o momento, os casos de contaminação por metanol se restringem ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas.

As peças enganosas acumulavam 23 mil visualizações no TikTok e 22 mil visualizações no Kwai até a tarde desta segunda-feira (20).

Vídeo mostra mulher que morreu após beber Coca-Cola com metanol

A imagem mostra uma montagem com três partes. Na parte superior, há um triângulo vermelho de advertência sobre fundo branco. No centro, vê-se uma pessoa deitada em uma maca hospitalar, parcialmente coberta por um lençol branco, em um ambiente clínico. A parte inferior exibe duas embalagens: uma garrafa marrom com rótulo indicando 'Methanol' e uma lata vermelha da marca 'Coca-Cola'. Entre elas, aparece a palavra 'metanol!' em letras amarelas.

São mentirosos os posts que compartilham o vídeo de uma mulher para alegar que ela teria sido vítima de intoxicação por metanol após o consumo de Coca-Cola. De acordo com o secretário de Saúde de Santa Luzia (MA) — local onde foi feita a gravação —, Herik James, a paciente que aparece no vídeo morreu em decorrência de uma overdose de drogas.

O registro compartilhado pelas peças de desinformação foi feito no Hospital Municipal de Santa Luzia no início do mês, conforme verificado por Aos Fatos por meio de busca reversa.

Também foram localizadas notícias na imprensa sobre o caso, que relacionavam o óbito à falta de atendimento hospitalar. A alegação foi negada pela mãe da vítima em vídeo compartilhado nas redes.

De acordo com o Ministério da Saúde, não há casos de intoxicação por metanol confirmados ou mesmo em investigação no Maranhão.

Até o momento, todos os casos de contaminação se restringem ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas. Não há registros de intoxicação por leite, cerveja, água ou refrigerantes.

As ocorrências estão sendo investigadas pelas polícias, pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela AGU (Advocacia-Geral da União). Entre as hipóteses em apuração estão a contaminação durante a higienização de garrafas, o uso do metanol barato para adulterar bebidas e erros no processo de destilação.

O último boletim informativo do Ministério da Saúde, atualizado na sexta-feira (17), confirmou 46 casos e oito mortes por intoxicação. Outros oito óbitos continuam em análise.

Em reportagens anteriores, Aos Fatos também desmentiu alegações de que o metanol teria sido encontrado em outras bebidas não alcoólicas, como café, leite e água mineral.

O caminho da apuração

A reportagem realizou busca reversa do vídeo para identificar o local da gravação e confirmou que o registro ocorreu no Hospital Municipal de Santa Luzia, no Maranhão. Também foram consultadas reportagens publicadas pela imprensa sobre o caso e vídeos divulgados nas redes por familiares da vítima, a fim de esclarecer as circunstâncias do óbito.

Aos Fatos também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Santa Luzia. O secretário Herik James informou que a morte da mulher foi causada por overdose, e não por ingestão de refrigerante com metanol.

Por fim, a reportagem verificou dados do Ministério da Saúde sobre intoxicações pelo composto e constatou que não há ocorrências no município citado.

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