🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo não mostra execução de repórter que denunciou superfaturamento no Pará

Por Luiz Fernando Menezes

22 de julho de 2020, 13h12

Não é verdade que o homem assassinado em vídeo que circula nas redes (veja aqui) seja o repórter do programa Alerta Nacional Bruno Rodrigues, que denunciou suposto superfaturamento em obra de combate ao novo coronavírus da Prefeitura de Moju (PA). As imagens mostram uma execução ocorrida em janeiro deste ano no Equador, e o próprio jornalista desmentiu o boato em suas redes sociais.

O vídeo fora de contexto foi publicado por sites como o Conexão Amazonas e tem sido difundido no Facebook, onde acumulava mais de 7.500 compartilhamentos até o começo da tarde desta quarta-feira (22). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Vídeo mostra momento que repórter do Alerta Nacional é executado após denunciar Prefeitura.

Sites e publicações nas redes sociais compartilham desde o início da semana um vídeo que mostra o assassinato de um homem como se ele fosse o jornalista Bruno Rodrigues, do programa Alerta Nacional, da RedeTV!. Segundo as postagens, ele teria sido morto após denunciar no dia 17 de julho um suposto superfaturamento na instalação de pias em praças públicas pela Prefeitura de Moju (PA) como forma conter a disseminação do novo coronavírus. No entanto, jornalista disse em suas redes sociais que está "vivinho", e a execução mostrada nas imagens ocorreu no Equador em janeiro deste ano.

A vítima que aparece no vídeo é o cantor Jorge Fernando Lino Macas, que fazia parte do grupo equatoriano Promedio 20. Ele estava com amigos em um restaurante de Guaiaquil no dia 2 de janeiro quando dois homens o abordaram e dispararam 15 tiros em sua direção. Segundo a mídia local, Macas tinha ligação com o narcotráfico e chegou a ser preso em 2018 por transporte de drogas.

Em um vídeo postado em seu Instagram oficial na última terça-feira (21), o repórter do Alerta Nacional desmentiu que tivesse sido morto: “Tá rolando um vídeo na internet que tão afirmando que é minha execução, que eu tô morto. Eu quero deixar todo mundo bem sossegado, que eu tô vivinho aqui”.

Segundo a denúncia do Alerta Nacional, a prefeitura de Moju teria gasto R$ 399 mil na instalação de cinco pias pela cidade -- cerca de R$ 79 mil por unidade -- com o intuito de auxiliar na higienização da população contra o novo coronavírus. De acordo com a reportagem, seria possível comprar 7.800 pias com o valor gasto pela prefeitura.

Aos Fatos entrou em contato com a prefeita de Moju para que ela pudessem explicar a obra mencionada na matéria televisiva. Em nota, o gabinete afirma que a reportagem do Alerta Nacional é inverídica: "as pias apresentadas na reportagem não possuem qualquer relação com o processo licitatório mencionado, cujo objeto visa a aquisição de material hidráulico destinado a instalação de lavatórios comunitários em localidades e vilas rurais do interior municipal, não assistidas por sistemas de abastecimento de água".

O mesmo vídeo foi usado em peças de desinformação na África do Sul. Lá, as imagens circularam no começo de março como se retratassem um assassinato ocorrido na cidade de Durban.

Outro lado. Aos Fatos entrou em contato com o site Conexão Amazonas para que pudesse se manifestar sobre a checagem. O portal agradeceu o aviso e deletou a publicação.

O Boatos.org também desmentiu a peça de desinformação.

Referências:

1. Alerta Nacional
2. La Prensa
3. El Universo
4. Instagram (@opesodanoticia)
5. AFP


Esta checagem foi atualizada às 10h45 do dia 23 de julho de 2020 para acrescentar que o Conexão Amazonas deletou a publicação após o aviso do Aos Fatos.

Esta checagem foi atualizada às 12h24 do dia 24 de julho de 2020 para acrescentar a nota enviada pela prefeitura de Moju.

De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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