🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo não mostra enterro falso de Covid-19, mas gravação de reportagem sobre coveiros

Por Marco Faustino

1 de abril de 2021, 20h34

Postagens nas redes sociais reproduzem vídeo em que um homem grava o trabalho de uma equipe da TV Vitória, afiliada da Record, em um cemitério de Vila Velha (ES) e afirma que a produção seria um enterro falso de vítima da Covid-19, o que não é verdade (veja aqui). Os jornalistas da emissora faziam uma reportagem sobre o dia-a-dia dos coveiros do Cemitério Municipal da Barra do Jucu e, no momento em que foram filmados, gravavam imagens de apoio, um procedimento comum no jornalismo televisivo.

A reportagem foi exibida nesta quarta-feira (31) e não associou as imagens de apoio a um enterro de Covid-19, mas a uma simulação de como é parte da rotina de um coveiro. Segundo a repórter da emissora capixaba, a cova não foi aberta a pedido da equipe. O homem que fez a gravação que circula nas redes sociais não foi identificado por Aos Fatos.

O vídeo circula no WhatsApp e no Facebook, onde chegou a ser reproduzido pela página da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e por influenciadores bolsonaristas. Assim, até a noite desta quinta-feira (1), o conteúdo acumulava ao menos 80 mil compartilhamentos na rede social. Aos Fatos sinalizou o conteúdo como FALSO na plataforma (veja como funciona).


Um homem gravou o momento que uma equipe de TV estava gravando um enterro falso no Cemitério de Barra do Jucu no Espírito Santo.

Não é verdade que um vídeo que circula nas redes sociais mostre que coveiros do Cemitério de Barra do Jucu, em Vila Velha (ES), fizeram um enterro falso de uma vítima de Covid-19 a pedido de uma equipe da TV Vitória, afiliada da Record TV no estado. As cenas que circulam nas postagens de influenciadores bolsonaristas, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), mostram o momento em que os jornalistas gravavam imagens de apoio que integrariam uma reportagem sobre o dia-a-dia dos coveiros. A matéria foi ao ar nesta quarta-feira (31) e, em nenhum momento, associa as imagens a um sepultamento real.

A gravação de imagens de apoio é um procedimento de praxe no jornalismo televisivo e serve para dar pano de fundo às informações reproduzidas na reportagem. Neste caso específico, elas foram utilizadas para mostrar parte da rotina dos coveiros, que inclui abrir covas para sepultamento. Foram exibidas ainda imagens de uma profissional do cemitério lavando as mãos e executando outros procedimentos do dia-a-dia.

Segundo a jornalista Marla Bermudes, que assina a reportagem, a cova gravada nem mesmo foi aberta a pedido de sua equipe. "Esse já é um procedimento do cemitério. As imagens mostradas no momento exato que ela [a coveira] está jogando terra, eram imagens de apoio para ilustrar as atividades que ela exerce no dia a dia", disse.

Em nota, a Rede Vitória de Comunicação afirmou que "o vídeo gravado descontextualiza o momento, deturpa o fato e cria uma narrativa mentirosa”, que seus jornalistas passaram a sofrer ataques nas redes sociais e que "tomará todas as medidas cabíveis, seja fortalecendo a transparência, seja via judicial contra a produção e o compartilhamento do ataque virtual criminoso".

Aos Fatos não conseguiu identificar a autoria do vídeo.

Esta peça de desinformação também foi checada pela Agência Lupa e Boatos.org.

Colaborou Ana Rita Cunha e Bernardo Moura.

Referências:

1. Vimeo
2. Folha Vitória
3. Agência Lupa
4. Boatos.org


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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