Vídeo em que mulher reclama para Lula sobre preço de alimentos é de 2022, não atual

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É falso um vídeo em que uma mulher diz ao presidente Lula (PT) que compra menos comida no atual governo do que quando Jair Bolsonaro (PL) era presidente da República. O registro difundido pelas peças enganosas foi gravado em 2022, e editado para omitir trecho em que a mulher dizia justamente o contrário: que o valor pago por ela rendia menos naquele momento que em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 2.000 compartilhamentos no Facebook e 20 mil curtidas no Instagram nesta segunda-feira (29). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, em que não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).

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Mulher mostra a Lula [em abril de 2024] a realidade do nosso país. Veja a reação dele.

Posts difundem trecho editado de evento para fazer crer que mulheres falaram para Lula que compravam mais alimentos em 2022 do que em 2024.

O vídeo em que mulheres comparam a quantidade de produtos em dois carrinhos de supermercado não é atual nem exibe as mulheres afirmando que compram menos produtos no governo Lula do que durante o governo Bolsonaro.

O registro original foi gravado em 30 de abril de 2022, num evento de Lula com mulheres. Agora circula editado para omitir que as mulheres, na realidade, dizem a Lula, então pré-candidato à presidência da República, que em 2022 compravam menos alimentos do que em 2010.

Não fica claro, no entanto, o parâmetro utilizado para comparação. Durante o evento, uma das mulheres inicialmente diz que os carrinhos se referiam ao poder de compra de um salário mínimo. Depois, ela diz que o volume era referente a uma cesta básica. Há registros na imprensa que dizem que os produtos exibidos nos carrinhos equivaliam compras de R$ 100, levando em consideração o poder de compra em 2010 e em 2022.

Foto mostra comparação do poder de compra em 2010 e 2022 alegado por mulheres durante evento com Lula, então candidato à presidência da República.
Compras. Durante evento em abril de 2022, mulheres mostram a Lula a quantidade de alimentos que compravam em 2010 e 2022 (Reprodução/Ricardo Stuckert)

Entenda a comparação a partir de dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos):

  • Em abril de 2010, o custo da cesta básica comprometia 48,78% do salário mínimo líquido (após o desconto de 7,5% da Previdência Social);
  • Já em abril de 2022, o percentual comprometido era de 61%;
  • Em março deste ano, o percentual, no entanto, aumentou e passou a ser de 62,67%.
  • O valor do salário mínimo necessário para suprir as necessidades de uma família de quatro pessoas em abril de 2010, por exemplo, era de R$ 2.257,52 — 4,4 vezes a remuneração mínima na época (R$ 510);
  • No mesmo mês em 2022, o mínimo necessário era de R$ 6.754,33 — 5,5 vezes o salário mínimo oficial (R$ 1.212);
  • Em março de 2024, dado mais recente disponível, o piso nacional necessário era de R$ 6.832,20 — 4,84 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.412

Referências

  1. YouTube
  2. Brasil de Fato
  3. Dieese (1, 2, 3 e 4)

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