Não é verdade que um vídeo mostra muçulmanos celebrando nas ruas a vitória da esquerda nas eleições para o Parlamento francês. O registro compartilhado pelas peças de desinformação foi feito em Moscou, na Rússia, em junho deste ano — antes, portanto, do resultado do pleito do último domingo (7) —, durante a celebração do feriado islâmico Eid al-Adha, ou Festa do Sacrifício.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no X (ex-Twitter) até a tarde desta segunda-feira (8).
Comemoração da vitória da extrema esquerda francesa pelas ruas de país é algo que gera emoção. Uma emoção muito peculiar: MEDO!
Publicações enganam ao associar à vitória da esquerda nas eleições francesas do último domingo (7) imagens que mostram muçulmanos rezando nas ruas. O vídeo usado pelas peças de desinformação circula nas redes ao menos desde 16 de junho deste ano (veja abaixo) e mostra a celebração do feriado islâmico Eid al-Adha nas ruas de Moscou.
Com base em registros do Google Maps, Aos Fatos verificou que o local mostrado no vídeo fica nos arredores da Mesquita da Catedral de Moscou (veja comparação abaixo).
O feriado religioso celebra a obediência do profeta Abraão, que recebeu de Deus a ordem para executar o próprio filho, o profeta Ismael. A comemoração ocorre em todo décimo dia do mês da peregrinação (Hajj). Neste ano, a data de início foi 16 de junho.
Eleições parlamentares. O partido de extrema-direita Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, tem uma plataforma anti-imigração e anti-islâmica. Defendendo essas pautas, a sigla venceu o primeiro turno das eleições parlamentares francesas na semana passada.
Em uma reviravolta eleitoral, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular conseguiu reverter o quadro no segundo turno, disputado no último domingo (7). O grupo foi o mais votado e conquistou 182 assentos na Assembleia Nacional. Já o partido de Le Pen ficou em terceiro, com 143 parlamentares eleitos, atrás da coalizão governista do presidente Emmanuel Macron, que conquistou 168 cadeiras.
O caminho da checagem
Por meio de busca reversa, Aos Fatos verificou que o vídeo usado pelas peças desinformativas circulava nas redes ao menos desde o dia 16 de junho — e que não poderia, portanto, ter sido registrado no último domingo (7). Também foi feita uma comparação do monumento que aparece na peça desinformativa com registros do Google Maps, que indicaram que a filmagem foi feita em Moscou, na Rússia.