Não é recente o vídeo em que homens fardados "abandonam" Nicolás Maduro e anunciam uma rebelião contra o ditador venezuelano. Postagens enganosas afirmam que a gravação teria ocorrido após o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) declarar Maduro reeleito na madrugada de segunda-feira (29), mas na verdade o registro é de 2017.
O conteúdo falso acumulava mais de 230 mil curtidas no Instagram e Facebook até a tarde desta quarta-feira (31).
Grupo de militares abandonam Maduro e diz que irão ficar do lado do povo venezuelano. Deixe suas 👏 👏 👏 nos comentários👇 👇 👇 👇
Um vídeo de 2017 em que militares venezuelanos declaram uma rebelião contra a “tirania assassina de Nicolás Maduro” circula como se tivesse sido gravado nesta semana, quando o CNE declarou a vitória de Maduro nas eleições presidenciais.
As peças enganosas alegam ainda que o grupo teria "abandonado" o ditador venezuelano e declarado apoio ao povo do país.
Na gravação original, um indivíduo que se apresenta como capitão Juan Caguaripano aparece cercado por cerca de 20 homens fardados e armados em um cômodo. Ele afirma que o grupo está em “rebeldia legítima” contra o governo de Maduro e completa: "Esclarecemos que isto não é um golpe de Estado. Esta é uma ação civil e militar para restabelecer a ordem constitucional".
O vídeo passou a circular em 2017 após o grupo invadir e assaltar a base militar de Fuerte Paramacay, em Naguanagua, no estado de Carabobo, no norte da Venezuela. A ação foi classificada como um ataque terrorista pelo governo de Maduro e resultou em duas pessoas mortas e oito detidas.
No entanto, é fato que a vitória de Nicolás Maduro, proclamada pela autoridade eleitoral alinhada ao regime do ditador venezuelano, desencadeou uma onda de protestos por todo o país.
Liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, a oposição não reconhece o resultado das eleições, bem como diversos líderes e organizações internacionais.
O PT (Partido dos Trabalhadores) reconheceu a vitória do ditador venezuelano. O governo brasileiro, por sua vez, em nota oficial saudou a ocorrência do pleito, mas afirmou que aguarda a publicação dos dados desagregados de votação.
As eleições venezuelanas vêm sendo alvo de diversas publicações desinformativas. Aos Fatos já desmentiu um gráfico que supostamente comprovaria a fraude no pleito, além de publicações que utilizavam um vídeo antigo de manifestação popular como se fosse atual.
Esta peça de desinformação também foi verificada pela Reuters.
O caminho da checagem
Por meio de busca reversa, Aos Fatos encontrou o vídeo original e constatou que se tratava de uma gravação realizada em 2017. A partir de reportagens na imprensa publicadas à época, pôde verificar o contexto em que ela ocorreu.