Foi feito por inteligência artificial o vídeo que exibe um abraço entre Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro. A gravação mostra diversas imagens distorcidas, indícios de vídeos feitos com a tecnologia, e também foi desmentido pelo governo federal.
O registro enganoso acumulava mais de 3.000 compartilhamentos no X (ex-Twitter) e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (5).
Celso Amorim e Maduro…
Um vídeo feito por meio de inteligência artificial tem sido compartilhado nas redes como se mostrasse um abraço entre Celso Amorim e o ditador Nicolás Maduro.
Ao analisar o vídeo, é possível perceber distorções comuns em vídeos fabricados por meio de IA (veja abaixo). Quando os dois se abraçam, o bigode de Maduro some e seu queixo invade o rosto de Amorim. Outro indício de edição é a bandeira do Brasil, cujas estrelas e faixa aparecem deformadas.
O vídeo provavelmente foi feito com base em imagens de um encontro antigo entre os dois (veja abaixo). Em março de 2023, Amorim visitou a Venezuela para discutir a reabertura da Embaixada do Brasil em Caracas.
Amorim esteve na Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais que aconteceram no dia 28 de julho. Apesar de o Conselho Nacional Eleitoral ter anunciado a vitória de Maduro, diversos países não reconheceram o resultado por causa de denúncias de irregularidades.
Em nota conjunta, o Brasil, o México e a Colômbia afirmaram que vão aguardar a divulgação das atas de escrutínio para que as “controvérsias sobre o processo eleitoral sejam dirimidas”.
O vídeo viralizou principalmente após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicá-lo em seu perfil oficial no X (ex-Twitter) na última quinta-feira (1º). O conteúdo, neste momento, aparece com a identificação de que se trata de uma mídia manipulada e é acompanhada de uma nota da comunidade.
O próprio Amorim desmentiu as publicações: “Nunca houve esse abraço de amores e afetos entre mim e o presidente Maduro”.
Aos Fatos procurou o deputado Eduardo Bolsonaro por meio de seu gabinete, mas não recebeu retorno.
O vídeo manipulado também foi desmentido pelo Fato ou Fake.
O caminho da checagem
Aos Fatos analisou o vídeo e fez registros de frames da gravação para mostrar distorções presentes nas imagens. Também foi feita uma busca reversa das imagens, que mostraram que um cumprimento entre Amorim e Maduro ocorreu em março de 2023, mas sem o abraço que aparece no vídeo compartilhado.
Para construir o contexto da checagem, Aos Fatos também procurou informações de encontros entre Amorim e Maduro na imprensa brasileira e venezuelana.
Como o vídeo foi publicado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, também procuramos o parlamentar por meio de seu gabinete na tarde desta segunda-feira.